quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Efeitos da conjunção

Cena 1: acorda de manhã, vai até a pia lavar o rosto. Se olha no espelho e se depara com uma espinha digna de um pré-adolescente viciado em junk food.

Cena 2: entra numa farmácia com amiga e faz um teste de pele. As rugas, manchas e pêlos que já atordoam suas manhãs em seu tamanho original, são ampliadas por um aparelho trinta vezes. Sai da farmácia trinta vezes mais atordoada.

Cena 3: entra no elevador e se olha no espelho. Desvia da espinha, manchas, rugas e pêlos. Desta vez o foco passa a ser um fio de cabelo branco espetado no meio do couro cabeludo, e que não caiu por engano da cabeça de ninguém, está bem preso naquele local.

Cena 4: senta e chora

Essa última podia também se chamar "refrão", já que ela se repete sem parar.

?

Terça-feira, 27 de fevereiro: definitivamente a conjunção inferno astral+TPM+tensão pré-trinta não me caiu bem. Num piscar de olhos meu cérebro perdeu toda razão e meu coração a emoção. Os dois foram dominados por um gigantesco ponto de interrogação.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Put your records on



Sabe aquelas músicas que simplesmente te fazem bem? Pois é.

"The more things seem to change, the more they stay the same."

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Incentivo

Nada como uma segunda-feira de sol para dar início a algum plano.
E nada como uma pitada de raiva para ajudar a alcançar o objetivo.

domingo, 25 de fevereiro de 2007

É por isso que o Brasil não vai pra frente

Domingo, fim de tarde, cineminha. Fui ao Moinhos assistir Pecados Íntimos. Filmezinho complicado e sessão tumultuada, minha dor de cabeça que o diga. Não bastasse o entra e sai das pessoas da sala, a vizinha de cadeira atendendo o telefone e os pré-adolescentes de trás tendo ataques incontroláveis de riso, faltando uns dez minutos para acabar, de repente, o filme pifou! Mas a parte da turma logo vaiou fica só na música da Rita Lee. Alguns tímidos assobios e uns "Ôôôô", como se o cara lá de cima não tivesse se dado conta do que tava acontecendo. Então, a mocinha da porta entra sorridente e explica:

- Pessoal, queimou a lâmpada, e ele vai ver se consegue trocar, se vocês quiserem esperar... ou então eu posso contar o final, hehehe.

Fala sério, é uma pegadinha. Se vocês quiserem esperar??? Do meu lado, uma senhora sozinha se questionava:

- Exatamente no momento em que houve uma ruptura para cada um deles, houve também uma ruptura para nós, não é mesmo?

Minha senhora, minha cabeça dói, eu estou irritada, não é o momento para filosofar. Minutos depois, a mocinha volta.

- Pois é pessoal, ele não conseguiu trocar. Vamos até cancelar a outra sessão! Mas vamos entregar para vocês um ingresso na saída,certo?

Nesse momento, uma meia dúzia de pessoas até se rebelou, entre elas eu, é óbvio.

- Um ingresso? Um ingresso é pouco!
- E o meu estacionamento quem paga?
- Pipoca de graça!

Em meio às poucas reclamações, mais da metade do público começou a se levantar e ir embora. Bem assim, levantaram, pegaram seu ingresso, e foram embora sem dar um pio! Como isso, me expliquem?
Bem se sabe que uma andorinha só (ou mesmo meia dúzia delas) não faz verão. Tentei questionar, que teria que voltar até ali para ver dez minutos de filme, que era um absurdo, mas as lanterninhas de plantão não me deram a menor atenção. E pior: sorriam pra mim!
Cheguei em casa e mandei um e-mail, não sei bem porque, já que tenho certeza que vou me irritar ainda mais com a resposta educada do GNC dizendo "sentimos muito, era isso que tínhamos para oferecer, volte sempre!".Sabe o que mais me indigna? Que eu sequer paguei por aquele ingresso, era um brinde e eu estava putíssima da cara por não ter visto o fim do filme por falha do cinema. Aquelas pessoas pagaram seus doze reais, mais pipocas, refris e estacionamento e não falaram nada? Devo mesmo estar ficando cada vez mais louca. Ou eles todos estavam achando o filme muito ruim e acharam que ainda saíram no lucro.

sábado, 24 de fevereiro de 2007

Eu e meus dois umbigos

Eu poderia ter nascido na época dos espartilhos, onde toda mulher (pelo menos quando vestida) ficava bem peituda e com cintura fininha.
Mas a coisa foi evoluindo, foram revolucionando, foram se rebelando e embestaram em usar calças. Se tivessem se contentado com aquelas calças mais masculinas, de cós alto, eu não estaria sofrendo agora. Pois aquele cós, que tanto nos envergonha em fotos das décadas passadas nos estilos bag, semi-bag, clochard e semelhantes, pelo menos ficava na cintura e o botão coincidia com o meu umbigo.
Mas não era suficiente usar calças, elas tinham que ser sexys e o cós tinha que ser baixo, lá embaixo, ultra baixo em alguns casos, coisa que modificou até mesmo até onde deveria ir a depilação.
E aí, pobres mortais como eu, sofrem do mal do segundo umbigo. Aquele furo, que fica "registrado" pelo cós da calça (e que cria o famoso panetone) logo abaixo da gordurinha localizada e que coincide exatamente com o botão da calça.

Com calça, ou sem calça, ele está ali, cada vez mais fundo, graças às 8 horas diárias de bunda sentada na cadeira forçando a pança no botão. E a calça nem precisa estar justa, sentou, forçou. Acreditem. Se meia hora de malhação todo dia, define barriga, oito horas diárias de calça apertando, criam um segundo umbigo. Pois a partir de amanhã, fico um mês sem usar calça jeans, calça com botão, qualquer coisa que me estrangule. E se funcionar, não uso nunca mais!
Se alguém está lendo aí e é homem, cuidado com o que vai falar, vai acabar saindo bobagem. E se alguém tá lendo aí e é mulher, e não sofre desse mal, é porque não tem barriga, então melhor não falar comigo agora também.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Carnaval de cinzas

E quarta de sol.
Ele resolveu aparecer aqui em Gramado cerca de cinco minutos antes de eu cortar os pulsos.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

E no quesito sem noção

Nota dez para a Mangueira. Preta Gil rainha da bateria? Pode até saber sambar minha filha, mas o posto de madrinha não seria para entusiasmar os componentes? Eu particularmente se fosse homem, deixaria o reco-reco cair.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Nem mesmo mentiras sinceras me interessam

Queria ter a redatora desta série por trás de mim para sempre conseguir falar a coisa certa, do jeito certo, na hora certa.

"Aqui está a verdade sobre a verdade: ela dói.
E por isso, mentimos."
(Meredith - Grey's Anatomy)

Linha dupla!

Há meses vinha sendo enfeitiçada por alguns comentários.

“Minha mãe ganhou mil ontem no bingo”.
“Semana passada minha irmã saiu com 400 de lá”.
“Ganhei 200 na minha última ida”.

A vida não tá fácil, o mês segue comprido e o dinheiro curto, então não custava conferir. Quer dizer, custar custava, mas vai que eu ganho? Pois ficou definido que o investimento seria de trinta reais. E nenhum centavo a mais. Doce ilusão.
Aquelas maquininhas engolem notas de dez reais com a mesma facilidade que somem com teus créditos. Te fazem acreditar que a próxima bola extra vai ser exatamente o número que está faltando pra tu arrancar a grana dela. E o pior: tu acredita!

No começo a gente vai jogando na empolgação, achando tudo muito divertido. Quando se dá conta que já foram cinqüenta e não os trinta reais combinados, o jogo vira de vida ou morte, a vontade de quebrar a máquina ao meio é praticamente incontrolável e sair de lá pelo menos empatada é uma questão de honra. Pois saí. Empatada, enfumaçada e bêbada, porque regaram as minhas derrotas a champanhe. E a propósito, o nome do post deveria ser “bingo!”, mas aquelas máquinas malditas se recusaram a me dar unzinho sequer.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Patagônia 2x0 Kelen

Nunca gostei de perder, inclusive sou péssima perdedora. Em cada competição que participava no colégio (e que fique registrado que me inscrevia em todas as modalidades disponíveis) onde ficava com o segundo ou terceiro lugar (e que aqui fique registrado que tirava no máximo essa colocação em todas as modalidades disponíveis) ia cabisbaixa, me arrastando até a frente da sala de aula ou do ginásio buscar minha medalha.
Jogos à parte, no dia a dia sou igual. Detesto perder qualquer coisa. Um projeto, uma concorrência, uma aposta, uma pessoa. Mesmo que seja temporariamente. Há semanas eu lutava contra a ira que brotava em mim cada vez que lembrava que meu namorado passaria 20 dias longe na Patagônia, justo nas minhas férias. Egoísmo puro da minha parte, que não poderia de qualquer jeito ir junto com ele e que nem sabia que teria férias. Mas essa justificativa que acabei de dar não diminuiu em nada a minha ira.
Nos dois últimos dias, eu e a Patagônia disputamos a grande final.
A noite, nada fazia ele largar os preparativos. Peguei no sono enquanto ele ainda conferia se tudo estava mesmo na mochila, arrumada dois dias antes. 1x0 Patagônia.
De manhã, quando pensei que tudo estaria pronto e eu teria uns 15 minutos de atenção, os preparativos continuavam a mil e quando eles terminaram, quem teve atenção foi o porteiro eletrônico que anunciava a chegada do táxi. 2x0 Patagônia.
Voltei pra cama cabisbaixa, me arrastando, atrás da minha medalhinha de prata: meu travesseiro. Antes de deitar, dei uma última espiada pela janela. E lá estava ele, esperando na porta do táxi, olhando pra cima, se despedindo de mim.

Perdi de 2x1, mas ganhei meu prêmio de consolação.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Nos trinta

De antes dos meus dez anos, minha memória fotográfica registrou que nasci parecendo um joelho e que usava um vestido vermelho no meu aniversário de um ano. Minha memória real mais remota lembra que ia de Kombi para o Jardim de infância e congelava na parada de ônibus já na primeira série. Da casa velha, lembro da vez que deixei minha irmã cair da sacada brincando de gata-cega. Da casa nova, lembro da árvore da taipa, do galpão, da horta, da plantação de moranguinhos, do pé de araçá, de todos os cachorros que tive, da rua fechada nos finais de semana, de rolar no gramado de casa morro abaixo. Lembro de quando deixei de ser a caçula para dar a vez para ao mais novo integrante da família. E depois a mais um. Acho que a partir daí dei uma crescidinha.
Dos meus 10 aos 20 anos, sei que antes de virar uma típica adolescente, era praticamente um gurizinho que brincava de polícia e ladrão pelo colégio. E mesmo depois disso, não fui das adolescentes mais típicas. Festa de 15 anos e Baile de Debutantes passaram reto por mim; tão reto quanto era meu corpo inteirinho. E quando esse gurizinho começou a perceber que era uma mulherzinha, descobriu que essa parte era muito mais complicada. De Gramado ao Internato, do Internato a Faculdade, dos 49 aos 63 quilos.
Nos meus 20 anos virei gente grande. Formatura, independência e falência vieram quase que simultaneamente. Descobri o que é sofrer, o que é perder, o que é cair, e o que é levantar porque lá do chão nada pode ser feito. Descobri que o meu caminho é definido por mim, por mais pedras, curvas ou atalhos que coloquem na minha frente. Sabendo disso, descobri também o que é lutar, conquistar e crescer.

Hoje, a árvore da taipa já caiu, a casa não tem mais galpão nem pé de araçá, e o morro que eu rolava me parece bem menor. Essa mulher aqui, não é tão gente grande assim, e tem uma mulherzinha e um gurizinho guardados dentro dela. Graças a eles dois, nos meus trinta, só quero viver. E se eu fizer isso bem feito, já está de bom tamanho.