quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Gourmetização no mercado imobiliário

Não consigo entender porque um empreendimento que fica num lugar chamado "Lagoa da Pinguela", tem que se chamar "Green Sails" e não "Velas Verdes"!

Jugular em risco

Das faciliadades da vida, como atualizar seu endereço no Detran.
Opção 1
Liga para o Detran:
- Bom dia, eu gostaria de atualizar meu endereço, como eu faço?
- A senhora vai a um CRVA com documento de identidade e comprovante de residência.
- Pode ser da NET? Tem NET fone.
- Não, senhora, a NET não sabe descrever os seus serviços portanto não serve.

Opção 2
Liga para o Detran:
- Bom dia, eu gostaria de atualizar meu endereço, como eu faço?
- A senhora vai a um CRVA com documento de identidade e comprovante de residência.
- Pode ser da NET? Tem NET fone.
- Pode ser sim.
Pega o carro, vai ao CRVA, pega a senha, espera 48 minutos, sua senha é chamada e seu cadastro é atualizado com sucesso.
Opção 3:
Liga para o Detran:
- Bom dia, eu gostaria de atualizar meu endereço, como eu faço?
- A senhora vai a um CRVA com documento de identidade e comprovante de residência.
- Pode ser da NET? Tem NET fone.
- Pode ser sim.
Pega o carro, vai ao CRVA, pega a senha, espera 48 minutos, sua senha é chamada.
- Eu gostaria de atualizar meu endereço.
- Essa conta não serve, tem que ser água, luz ou telefone.
- Mas é de telefone.
- Não, não tá escrito aqui que tem telefone.
Arranca a conta da mão da pessoa, lê ali, Minha NET (minha, aquele pronome possessivo, né?): desenhinho de tvzinha pra dizer que tem TV a cabo, desenhinho de arrobinha pra dizer que tem combo virtua, desenhinho de fonezinho pra dizer que tem fone NET.
- Mas tá aqui!
- É, mas do lado na descrição dos serviços só diz Itens Eventuais (que porra é essa NET?). A senhora pode não ter telefone.
- Mas meu Deus, tá escrito MINHA NET, o que tem aqui eu tenho! Liga pra minha casa!!
- Não serve, tem que trazer outro documento. O Detran nao aceita.
- Mas foi o Detran que me disse que podia ser esta conta!!!
- Mas não pode.
Arremessa a senha no teclado da atendente, sai bufando, sapateando, tudo por querer receber documentos e multas no seu novo endereço.
Qual a opção correta? E por que tudo tem que ser de um jeito que coloque a veia da tua garganta (e a dos outros também) em risco?

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Olá, vamos começar?

A saga de cancelamento da SKY foi longa. Tentei via mocinhos eletrônicos, que não deram o recado para os mocinhos reais e a assinatura seguiu rolando. Tentei por telefone com eles, os mocinhos reais, mas o sistema era novo e estava instável, teria que esperar. Enviei então e-mail, ao qual me devolveram outro dizendo que em breve entrariam em contato. Entraram, pediram dois números de contato para cancelamento imediato, para os quais nunca ligaram. Tentei novamente por telefone, desta vez, com sucesso! Mas eis que os mocinhos do e-mail seguiram firme no contato, alegando que a assinatura seguia ativa, e que tínhamos uma pendencia! Lá pelo sexto e-mail, respondi em letras garrafais que este assunto estava encerrado por telefone e que não haviam pendências pois sempre utilizei débito em conta muito obrigada! Uma semana depois recebo o e-mail abaixo:
"Olá Solange. Boa tarde!
Informamos que o pagamento já consta no sistema.
A SKY agradece o seu contato.
Thayse"
Não sei se foi a Solange quem teve sua assinatura cancelada ou se a Thayse bebeu e devo responder agradecendo a NET pelo excelente serviço prestado.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Proposta

- Boa tarde senhora Kelen, eu falo em nome da Báril e gostaria de lhe fazer uma proposta.
- Obrigada, não tenho interesse.
- Mas eu ainda não lhe fiz a proposta!
- Mas eu já sei que não tenho interesse, obrigada.
- Nem pelos imóveis do nosso litoral?
- Ah, são do nosso litoral!!!!!!
- Exato! Estamos trabalhando em Xan...
- São de graça?
- Hehe, claro que não senhora Kelen.
- Perdi o interesse.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Proatividade

Chega o tampo de granito tão aguardado. Desço pra ver a situação. Fizeram ele inteiro. Não cabe no elevador. Não querem subir de escada. Tranquilamente comunico:
- Olha, deixa eu falar pra vocês: a gente vai instalar este tampo hoje.
- Mas como dona?
- Corta. Nunca disse que não podia ter emenda.
- Mas...
- Vai dar, prometo bolo no fim do trabalho se eu tiver meu tampo hoje.

Sobe de elevador, chega na cozinha, temos problemas.
- Dona, a cuba tá batendo na madeira, não tem como instalar.
- Onde? Já vi. Serra copo?
- A gente não tem.
(mala de ferramentas, serrinha na mão)
- Vamos lá, eu serro ou vocês serram?
- Pode deixar...
Próximo problema...
- Dona, o fogão não cabe.
- Mas vocês mediram, como não cabe?
- É que aqui ficou um centímetro maior.
- Não tem problema, pedi pro marceneiro fazer 1 cm de folga desse lado, joga pra lá e alinha.
- Mas tá fixado.
(meia volta, trago a chave philips)
- Onde tá preso que eu vou soltar.
Fim de tarde, todo mundo feliz: eles ganharam bolo e eu fui a única das três clientes do dia com um tampo instalado. As vezes (só as vezes) vale a pena ser chata.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Cancelamento

Liguei há um mês pedindo para cancelar minha assinatura digital de Zero Hora. Há uma semana mandaram mensagem pedindo para entrar em contato. Não fiz isso, pois achei que era para retomar contato. Hoje me ligaram novamente.
- Senhora Kelen, a senhora cancelou sua assinatura?
- Sim, cancelei.
- Mas ela não foi cancelada, a senhora deve entrar em contato com a Zero Hora.
- Mas tu não é da Zero Hora?
- Sim, mas de outro setor.
- Ah! Tu é do setor que avisa que o cancelamento não foi cancelado mesmo sabendo que eu pedi pra cancelar???
Por favor, não cancelem com a minha paciência!

Relatos Selvagens

Eu gostaria de ter feito uma das histórias de Relatos Selvagens.
Nela, haveriam apenas dois personagens principais: uma atendente de telemarketing e uma pessoa normal, tentando fazer um cancelamento. Enquanto a pessoa normal repete pela quinta vez seu CPF, o nome de sua mãe e a data de seu aniversário, a atendente lixa as unhas, masca chiclete, faz caretas, joga Candy Crush e ri com as colegas. Mas eis que ambas estão na mesma cidade! E falando ao celular, a pessoa normal começa a se dirigir ao prédio do dito telemarketing. Passa pela portaria, sobe pelas escadas para não correr o risco de perder a chamada, não dá atenção a recepcionista e se encaminha sorrateiramente até a cretina que falava ao telefone, olhando crachá por crachá de cada atendente, derrubando canecas e potes de caneta pelo corredor; até que lá está ela, com os pés sobre a mesa, caneta na boca. A pessoa normal tira uma arma e dá três tiros na atendente.
Bam. Bam. Bam.
Fim, próximo episódio.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Entrega das chaves - 8 anos depois

Querida nova moradora, 
Talvez pareça o paraíso, simplesmente a melhor coisa do mundo fazer uma mudança para ir morar com o noivo (odeio essa palavra!) num apartamento maior e deixar o velho apartamento alugado (e o aluguel também) pra trás. Talvez realmente seja. O que não torna a saída do “Dom Silvio” e deste bairro uma coisa fácil, até porque...  já vimos este filme antes, não?
Morei aqui por menos de dois anos, sem porteiros e definitivamente odiada pelos vizinhos, talvez por isso eu só sinta falta realmente do meu cantinho. Nunca me contrataram como arquiteta do prédio, então não me culpa pelos bancos de plástico do hall de entrada. Ainda assim, ele é muito simpático. Aqui não tem salão de festas, mas o pátio vai ser teu salão de festas particular! Já assou churrasco em churrasqueira portátil? Ela está te esperando! Vizinhos... nunca fiz amizades fora aquele “oi” mais sorriso, típico de cruzada de portão; e olha que são pouquíssimos vizinhos. Já inimizades... Bom, a síndica é a única que é simpática comigo, trocamos ovos por gelo algumas vezes. A vizinha de cima controlou muitos impulsos de envenenar minhas cachorras com certeza (sim, elas latem) e outro vizinho quase colocou a filha em uma redoma com medo dos ataques fulminantes das duas. Tu estás proibida de fazer amizade com eles, e assim que possível reclama do dreno de cima que pinga no teu pátio! Ah! Tem os donos do Carvão e os donos da Tequila (veja bem, só sei os nomes dos cachorros...), com eles nunca tive problema e imagina só porque: os cachorros deles também latem!
Quando pegar um táxi para casa, é só dizer que tu quer descer ali na Castro Alves, entre a Ramiro e a Miguel, em frente ao estacionamento do Germânia. Se estiver vindo do Centro pela Independência, desce a Fernandes Vieira e economiza uns pilas, a primeira a esquerda já é a tua nova rua!
Se quiser dizer para qualquer pessoa onde fica, é só falar que é perto do Lola, do Capone, do Bier Markt. Todos sabem! O supermercado mais próximo é um Nacional, desculpa... pega um carro e vai até o Zaffari da Fernandes ou desce na Cabral e vai no Mercado do Alberto (que não é mais do Alberto)!  A farmácia mais próxima fica na Ramiro, mas numa corridinha tu chega ali, é uma bela Panvel. O Bife é virando a esquina e virando a outra esquina tem um Thai que é uma delicia! Estacionar na frente é uma missão difícil, as vagas são disputadíssimas, ainda bem que tu tem a tua com um motor de brinde! Já pensou portão manual em dia de chuva? Além disso, ela é um belo depósito de tralhas!
O apartamento tem suas peculiaridades. Como a ligação entre as salas, por exemplo, que é desconhecida pela proprietária; para isto minha obra de arte está no pátio para quando for necessário um fechamento de emergência! As instalações de telefone fazem voltas mirabolantes para fugir dos dentes da Pulga e da Panqueca. Por sinal, vais lembrar bastante delas: a porta da frente conta com a marca das unhas das duas. Pelo sofá, tu vais achar pelos da Pulga tu vais encontrar por um bom tempo. Da Panqueca, provavelmente pra sempre! A pintura do S. Adair não foi um primor, e abrir a janela do quarto para o “pátio coberto” no início vai parecer estranho (quantas vezes pensei e desisti de trocar o telhado...). Mas aí tem ele: o pátio, aquele salão de festas particular que falei ali em cima, que bate um solzinho delicioso. Curto no inverno, bem maior no verão, fundamental pro manjericão e pros Jasmins que ficam aqui pra ti! Vou morrer de saudades. Mas sei que vou vir aqui várias vezes, com as cuscas, pra matar a saudade da vizinha de cima também, hahahaha!
Essa é a minha 16ª mudança de casa, considerando que saí de Gramado em 91 pra ir pra Novo Hamburgo e daí pra frente não parei mais. Em Porto Alegre, foi minha oitava casa. Não tenho uma coisa ruim sequer pra falar daqui, só vivi coisas boas (discussões por e-mail com vizinha não contam!). Tinha aqui o que eu mais queria: espaço pra receber meus amigos! E o que seria a vida sem eles? Tá aí tu que não me deixa mentir!
Esse foi também o primeiro lugar que me senti vivendo com alguém de verdade. Foi aquele apartamento que de meu passou a nosso. E por acreditar nesse “nosso”, estou abrindo mão do que era só “meu”. Esses oito anos que separam a primeira entrega das chaves desta com certeza mudaram muita coisa. Nossas crenças, vontades, amores, sonhos. Até nossos apegos. Talvez por isso te deixe pedacinhos de mim aqui e feliz. Por saber que estou saindo daqui pra ser mais feliz ainda (mesmo sem pátio). E por ter certeza que esse cantinho aqui vai te fazer muito feliz. Ele é o primeiro passo solto depois de uma longa caminhada. Talvez um desvio. Uma bifurcação. Não sei. Só sei que leva pro caminho certo.  

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Ah, obras...

O instalador de piso suja a parede até a metade, vem o pintor e pinta a parede que pinga no piso; o eletricista solda em cima deste mesmo piso, chega o marceneiro, que estraga a pintura e deixa cola cair no piso; volta o pintor que pinga tinta no móvel do marceneiro e é claro, no piso, volta o instalador de pisos que limpa o piso, instala o rodapé mas deixa pingar silicone... no piso. Ah o piso! Todos sapateiam e espalham a lambança por ele, que conta a história da obra junto das paredes que ainda nem tem quadros mas já tem todas as suas marcas, junto dos ralos que guardam os mais variados resquícios e dos vidros, aquarelados pelos artistas! Volta aqui eletricista! A cada espelho re-instalado, cai massa e cai tinta! Mas quem conta história mesmo são os vasos sanitários, já que de todos seus usuários absolutamente nenhum puxou a descarga, aquela maldita!