quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A vida imita a vida

Eu me apaixonei.
Não, não foi por um homem, foi uma bicicleta.

Ela era linda, foi paixão a primeira vista. Conhecendo um pouco melhor, vi que além de linda era leve e prática. Passamos um tempo juntas e a adoração só aumentava. Até que enfrentei momentos mais duros, estradas mais difíceis e ela não reagiu muito bem. Se mostrou frágil e despreparada. Comecei a ter dúvidas sobre o meu amor. Troquei ideias, comecei a comparar, pensei seriamente em trocar. Procurei uma substituta mais forte, mais resistente. Não era tão linda, não era tão leve, mas parecia atender melhor as minhas necessidades. Enquanto testava distraída e empolgada a novidade, alguém se interessou pela bicicleta lá abandonada num canto. E assim que testou vi aqueles olhos brilhando e entendi na hora: estava apaixonado, era claro, ela tinha conquistado mais alguém. Foi nesse momento que fui dominada por um sentimento de ciúme, posse, quase fúria. Aquela era a minha bicicleta, não queria mais trocar, queria ela de volta, queria aquela pessoa bem longe dela já! Decidi aprender a conviver com os defeitos já que o que ela tinha de bom eu sabia que valia a pena.

É, eu me apaixonei.
Não, não foi por um homem, mas se fosse, funcionaria igualzinho.

Um comentário:

Rodrigo... disse...

Pois então... nada (nem ninguém) é perfeito para tudo... creio que boa parte do segredo de uma vida (ou imitação dela) plena esteja na definição pessoal do que realmente importa pra cada um...
Fora isto... a simples leitura de que o ciúme é fundamental ao relacionamento (seja com o que, ou quem, for) tem boas chances de estar errada... acredito que o fundamental mesmo é o orgulho (muitas vezes, de si mesmo)...
Saudades... bocó...