domingo, 31 de dezembro de 2017

Aquele velho balanço

Que ano foi esse...
Ano de perceber que a gente conta nos dedos com quem a gente pode contar, mas que com quem a gente conta é o suficiente pra aquecer o coração e fazer o olho brilhar. De sentir na pele o medo de perder quem a gente ama, mesmo que tenha acabado de começar a amar. Ano de quase desistir, mas respirar fundo, recomeçar e voltar a acreditar. Um fim de ano sem balanço nem saldo, mas de aprender que é na parte boa da vida que a gente sempre precisa focar.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Chico Balanceado

Escuto as opções disponíveis de sobremesa no restaurante e escolho a minha. Nesse momento, a véia (lembram o esquema véia x senhora, né?) ao lado que já questionava a vida do Lucas há algum tempo comenta:
- Que amor! Vai comer um Chico Balanceado!
- Não, é pra mim!
- Mas e por que ele não vai comer contigo?
- Ele ainda não come doce!
- Ah, na idade dele a gente já se enchia de doce!
- Olha... a senhora na sua época eu não sei, eu não minha com certeza não me enchia!
- Que bobagem!
E por pouco o Chico Balanceado não vira Chico Voador!

domingo, 10 de dezembro de 2017

A cor

Chamei um Cabify pra voltar pra casa. Assim que entrei, ele se deu conta que ir pelo outro lado era melhor e embicou em uma garagem pra fazer o retorno. Uma senhora que saía por esta mesma garagem não viu ele. Bam.
De dentro do carro fiquei acompanhando a cena. Os carros mal arranharam mas os dois queriam achar o culpado pra pagar pelo estrago. A filha da senhora apareceu, todas as vizinhas da senhora foram pra janela, um vizinho desceu. Alegavam que tinham visto tudo e que ele não tinha dado espaço pra ela sair, que ele não podia ter feito retorno, que ele era culpado. Ele começou a ficar nervoso, ia perder tudo que ganhou no dia no conserto. Nem sei se ele tava certo, confesso, mas fiquei com pena de ver aquela situação "todos contra um" e parti em defesa. A cada nova alegação dos outros eu rebatia. Até que cansei, pedi pra encerrar minha corrida e chamei outro carro, mas deixei meu telefone caso ele precisasse de ajuda. Mais tarde ele me ligou. Pediu desculpas pela corrida, que poderia vir na minha casa devolver o dinheiro, que sabia que tinha se alterado. Mas acima de tudo queria agradecer por eu ter sido a primeira pessoa que havia defendido ele, que é negro, na vida. Em nenhum momento isso me chamou atenção. Será que do outro lado também não?

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Desliguem o sol

Fim de tarde ensolarado, caminhávamos com o Lucas 24 de outubro acima. Já havíamos feito alguns zig-zags pelas calçadas evitando o sol direto nos olhos dele, mas não adianta, como ainda não tenho o poder de mudar a direção do sol, vez ou outra ele teve que fechar os olhinhos pra se proteger. Mas é claro que eu não poderia chegar no meu destino sem um alarmante e sempre útil aviso:
- Tá batendo sol no rosto dele, viu?
- É que eu não consegui desligar o sol, sabe?
Fim de tarde ensolarado sem uma véia metida, qual seria a graça?