sábado, 27 de março de 2010

Pode espiar a vontade

É como se fosse um BBB pessoal. A gente é escolhida - não exatamente pelo Boninho - arruma as malas e entra na casa. No começo tudo é bom, tudo é festa, tudo é novidade. Mas de repente passa o tempo e vem uma espécie de sofrimento, de angústia, de saudade, de solidão, de dúvida, de o-que-é-que-eu-vim-fazer-aqui-mesmo.
"Não sei mais se quero ficar, acho que eu quero sair, mas e o dinheiro todo que eu vim até aqui conquistar, e o pior, o que os outros vão pensar?".
Do lado de fora da casa, enquanto espiam o que se passa lá dentro, as pessoas torcem, vibram, criticam, opinam. Opinião inclusive é o que nunca falta. "Ela está muito quieta", "Ela deveria se impor mais", "Ela deveria se envolver com alguém", "Ah, mas que coisa chata, foi até lá por que quis e agora fica chorando pelos cantos", "Desse jeito ela vai acabar no paredão!". Todo mundo sempre acha que se estivesse no lugar "dela" faria diferente, provavelmente melhor. Na hora da eliminação, damos de cara com familiares, amigos e micos de auditório te esperando do lado de fora num misto de felicidade, curiosidade e decepção. Definitivamente é um BBB. Só não vou abraçar o Bial, nem ser convidada pra posar pra Plaiboy. Mas taí o Dourado que não me deixa mentir: a gente sempre pode voltar e fazer tudo diferente.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Faço das tuas as minhas palavras

Pools of sorrow, waves of joy.

Sonífera ilha

Taxistas não gostam de levar quando o trajeto é curto.
Barqueiros não gostam de levar quando o trajeto é longo.
E eu que sou a complicada...

sábado, 13 de março de 2010

Eternamente criança


Quando eu era criança ficava preocupada com qualquer inseto que entrasse no carro, porque eles iam pra muito longe da casa deles e iam acabar se perdendo da família e dos amigos. Tinha também a mania de salvar as minhocas que eu encontrava se debatendo na calçada quente.
Quando eu era criança, arrancava a casquinha de toda e qualquer ferida muito antes dela cicatrizar. E chorava, por qualquer coisa, não só quando caía e me machucava.
Quando eu era criança gastava toda minha mesada bem antes do fim do mês. E não entendia porque a casa da moeda simplesmente não imprimia mais notas e distribuia pras pessoas pobres e pra mim também.
Quando eu era pequena em dia de chuva, ficava na janela vendo a rua lá de baixo encher e tinha muito medo que o mundo acabasse submerso. Nessa época eu morria de medo de injeção, de morcego e da morte.
Quando eu era criança eu sempre deixava a melhor parte da comida pro fim, mesmo que isso significasse comer a massa de panqueca sem o recheio. E nunca sabia escolher uma sobremesa só, tinha sempre que pegar um pedacinho de cada doce disponível pra só então decidir qual era o melhor.
Quando eu era criança mirava em algum lugar pra acertar um alvo nunca sem antes pensar: se eu acertar é porque ele gosta de mim, ou algo parecido com isso. E eu acreditava que um dia ia conhecer o meu príncipe encantado que me faria feliz para sempre.
Quando eu era criança esperava ansiosamente pelo dia do meu aniversário. O que eu não poderia imaginar é que chegaria aos 33 anos e continuaria igualzinha, fazendo todas essas coisas.

sexta-feira, 12 de março de 2010

La cucaracha

Da lista das coisas não legais: encontrar uma barata no box durante o banho, toda ensaboada. Ensaboada eu, não a barata.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Cantada de verão

Íamos eu e meu vestido verde trabalhar quando passa a kombi:

- Cidade de Deus, Barra Shopping, ôôô meu pai, se verde é assim imagina madura.

Click

Viajar sozinha tem vantagens incríveis. Mas uma das maiores desvantagens está no quesito fotos. Eu estico o braço, ponho a câmera onde precisar colocar, mas volta e meia acabo atacando alguém para ser meu fotógrafo por uns instantes. Como as pessoas estão fazendo um favor, procuro não fazer sugestões (óbvias), do tipo "tenta não se mexer enquanto bate a foto", "tenta não cortar alguma coisa" e principalmente a minha preferida (não tão óbvia) "tenta tirar a foto sem outras pessoas". Pelo menos é o que eu tento fazer quando me pedem uma foto.
Quando vejo os resultados tenho vontade de chorar. Ainda assim sorrio, agradeço, mas não deixo de ficar sempre me perguntando: como, meu Santo Deus, as pessoas conseguem, ou melhor, não conseguem? Estão logo ali eu e o monumento-alvo-ponto turístico-whathever, é pegar, enquadrar e click, feito o carreto. Não adianta, e eu mesma sei o porquê: as pessoas querem mais é se livrar da tua maldita câmera de uma vez e continuar fazendo seja lá o que for, mas que com certeza é mais importante ou divertido do que tirar a tua foto. Mas a educação faz com que, mesmo assim, eles aceitem pegar tua câmera.
Como na vez em que subi correndo numa mureta escondida dos seguranças no Cristo Redentor, abri meus braços para a foto e o gringo cortou a mão do Cristo fora. Ou noutra, quando estava na casa de Julieta em Verona depois de enfrentar uma fila imensa para tirar uma foto com a estátua da própria, e a fotógrafa escolhida optou por enquadrar apenas meia cabeça de Julieta. Teve também a vez que consegui um momento sem pessoas no Museu Salvador Dali para posar na frente da obra com o carro e a estátua e o fotógrafo da vez decepou a cabeça da dita cuja. Ou em Girona, quando pedi uma foto e expliquei: eu a escada e a Igreja, que era linda. Pois então, só faltou a igreja.
Mas aí acabo lembrando que tudo sempre pode ser pior. Como na foto que pedi para um casal de espanhóis em Montserrat, pertinho de Barcelona. Expliquei: eu e a paisagem. E acreditem, eu não apareci na foto.



terça-feira, 9 de março de 2010

Navegar é preciso

Preciso de dicas de sites muito legais, daqueles onde a gente se perde navegando e esquece do tempo que esqueceu de passar.

segunda-feira, 8 de março de 2010

sábado, 6 de março de 2010

Sem luz

Quando acabar a bateria do laptop vou praticar meu esporte favorito: pensamento de bobagem a distância.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Saudades das coisas simples


Tinha uma época em que íamos no supermercado e comprávamos xampu e condicionador. Marcas a parte, podíamos eleger entre as opções para cabelos secos, normais ou oleosos. Pouco vejo esses nomes hoje em dia. As opções de xampus e condicionadores se dividem em cabelos finos, ondulados, crespos, com frizz, lisos, compridos, tingidos, mistos, escuros, claros, grisalhos. E se meu cabelo é oleoso na raiz, seco nas pontas, ondulado e com frizz, qual eu compro?
E absorventes? Vocês já observaram o tamanho da prateleira de absorventes? Pudera. Tem suave, seca, sempre seca, ultra seca, estreito atrás, noturno, compacto, básico, diário, anti odores, dry max, termo control, teen. Esses dias eu tive que parar a moça na farmácia para me ajudar: "Por favor, só me diz uma coisa: "Esse aqui é de plástico ou de algodão? Porque sem abas eu desisti de encontrar, vou cortas elas fora.".
Fora das prateleiras de supermercados e farmácias a coisa também complicou. Chegando num instituto especializado em depilação, me deparei com uma lista de 30 possíveis partes a serem depiladas, sendo que destas 30, pelo menos 15 são subdivisões ou combinações de depilação da virilha. E ainda assim, no momento em que deitamos naquela cadeira onde fazemos posições mais elaboradas do que o kama sutra poderia imaginar, ainda temos que ficar gesticulando, apontando e perguntando: "Mas moça, essa partezinha aqui ó, não está incluída na cavada? Não?".
Saudades das coisas simples. De quando eu comprava creme rinse e modess. E pedia pra minha depiladora fazer meia perna, axila e virilha.

terça-feira, 2 de março de 2010

Dias menores virão

O tremor no Chile encurtou o dia em 1,26 microssegundos. E eu que já achava ele curto... agora ferrou.

Cegueira seletiva

Eu decidi fechar meus olhos e ser burra pra sempre em relação a alguns assuntos. Amor e imposto de renda são dois deles.

Parágrafo

Ponto final.
Vira a página.
Nova linha.
Espera aí.
Volta.
Arranca a página.
Rasga.
Amassa.
Sorri.
Agora sim.
Nova linha.

O Rio de Janeiro continua... aqui

Ontem foi aniversário do Rio de Janeiro, 445 anos. Assisti várias reportagens na televisão com imagens e mais imagens da cidade maravilhosa onde estou morando. Ouvi sobre as paisagens deslumbrantes, a quantidade de bares, hotéis e restaurantes, os 100 km de ciclovias que a cidade oferece, entre tantos outros elogios.
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Exatamente nesta semana de aniversário do Rio, decidi pôr em prática um plano de redução de despesas, atacando em todas as frentes possíveis. Uma delas foi o transporte. Prestes a me tornar a mais nova proprietária de uma bicicleta, fui analisar os tais 100 km de ciclovias disponíveis. E a triste notícia pra mim foi que grande parte destes quilômetros de ciclovia, estão distribuídos pela orla carioca ou travessias de florestas, com uma grande concentração, obviamente, na zona sul, onde vários bairros são interligados por elas. Vias que me permitissem ir até o trabalho pedalando ou não existem ou estão apenas projetadas, portanto ir trabalhar de bicicleta hoje seria uma decisão um tanto kamikaze para uma ciclista amadora que sonha com uma simples bici para passeio como eu. Ainda assim, disposta a ecomomizar mas deixando a bicicleta apenas para passear na beira da praia, fiz algumas trocas nos meus meios de transporte. Alterei minha travessia de barco para uma travessia mais curta e barata que me faz caminhar por 15 minutos e alterei o ônibus que me leva pro trabalho por outro que custa a metade do preço mas que tem o trajeto complementado com mais 15 minutos de caminhada. Digamos que vou unir o útil ao saudável, porque agradável não seria uma boa forma de definir estes percursos. Fiquei curiosa pra saber quantos quilômetros temos no Rio de ruas e avenidas sem calçamento para pedestres. Não adianta. Sempre existem aquelas pequenas coisas que  descobrimos e passamos a odiar em um lugar somente quando conhecemos ele um pouco melhor.
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Em meio a eterna briga carioca entre a beleza e o caos, sigo tentando me apaixonar pela cidade maravilhosa. Sigo tentando enxergar o Rio com os mesmos olhos que as pessoas que visitam a cidade por alguns dias enxergam, visão que faz com que saiam daqui já pensando em voltar. Sigo querendo descobrir aquelas pequenas coisas que passamos a amar em algum lugar somente quando conhecemos ele um pouco melhor. Mas sem exigir demais, queria que essa descoberta fosse um pouco além das paisagens deslumbrantes, da quantidade de bares, hotéis e restaurantes ou dos 100 km de ciclovias que a cidade oferece.

segunda-feira, 1 de março de 2010