Dia desses em uma reunião, um engenheiro começou a me desrespeitar. Um comentário desnecessário, uma grosseria gratuita, um sorriso irônico, até que minha calma, que muito aumentou com o tempo mas ainda se esgota facilmente, me fez levantar a voz. Imediatamente recebi uma mensagem de uma pessoa na mesma reunião: você é braba, hein? Ficou a dúvida se o engenheiro em questão teria recebido alguma mensagem crítica também.
Ontem sentei em uma mesa de bar com uma amiga que consigo encontrar muito menos do que gostaria, e em minutos havia um sujeito bêbado e inconveniente, debruçado na nossa mesa, jorrando cuspe ao falar com a língua enrolada, colado em nós. "Boa noite, o que tu vai pedir? Não, pede um negroni, posso incomodar vocês?" Sorrindo, respondi a minha bebida, avisei que não, nem eu pediria um Negroni, nem ele poderia incomodar. Ainda inconvenientemente e jorrando cuspe recebi um sonoro "que grossa".
Cito os dois últimos casos, de inúmeros.
É um estigma que carrego. Ser direta, honesta, em geral séria, muitas vezes dura, tudo isso transformado automaticamente em grossa, que sim, muitas vezes também sou. Assim como sou espontânea, debochada, divertida, irônica, sensível, carinhosa e amorosa. Nos momentos e com as pessoas certas.
Mas vivemos numa sociedade onde temos que baixar a cabeça ou sorrir pra tudo e todos. Não podemos revidar à grosserias com grosserias ou mesmo ironias. Devemos ser atacadas, interrompidas, agredidas, silenciados, desrespeitadas, ofendidas, invadidas, sorrindo, educadamente, e em silêncio se for possível.
Desculpa, não vou.
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