domingo, 28 de setembro de 2025

Poção do sono

As crianças ganharam um livro de magia da minha irmã. Melissa comunicou que a primeira poção que a gente faria, seria a poção do sono, porque as vezes ela tem muita dificuldade de dormir.

O leite morno da noite com uma gota de sonho (baunilha), um quase nada de pó encantado (canela) e algumas palavras mágicas (algo do tipo pirlimpimpim, poção mágica faça as crianças dormirem fácil assim!), viraram a poção do sono.

Lucas, pragmático, me pergunta desconfiado:

- Mãe, quando faz efeito e a gente começa a se acalmar?"

Incentivo ele a imaginar

- Lembra que se tu acreditar, vai funcionar!

Mel, sonhadora, nem pestaneja:

- Eu iá tô até me sentindo relaxada, sabia que ia dar certo!"

Um livro e três poemas depois, só eu seguia acordada. Certamente porque não bebi a poção.

"As pessoas sem imaginação, podem ter tido as mais imprevistas aventuras, podem ter visitado as terras mais estranhas. Nada lhes ficou. Nada lhes sobrou. Uma vida não basta apenas ser vivida: também precisa ser sonhada."

(Mário Quintana, Lili inventa o mundo)


sábado, 27 de setembro de 2025

Sábados

Primavera me faz bem. Acordar num sábado de sol me deixa feliz. Parei numa sinaleira e me distrai cantando. Eu adoro essa música. Ouvi uma buzina e voltei a mim. Ele gesticulou com as mãos. Eu me desculpei. Paramos na próxima sinaleira. Ele voltou a gesticular. Eu mandei um beijo. Ele fez aquele gesto de "tu precisa de um pau bem grande". Eu fiz um coração com as mãos. Ele fez aquele gesto "tu precisa trepar". Eu não acreditei que um velho do lado de uma mulher idoda estava estava fazendo aquilo. Ele passou do meu lado e parou na próxima sinaleira. Eu fotografei o carro dele. Ele se assustou e assim que pode saiu da minha frente. Sem dar seta. Que teus desejos se realizem, meu senhor, eu ainda posso, já o seu querido não deve subir há tempos, talvez por isso tanta amargura.