Há uns 30 anos, tive um professor que me ensinou: quem escolhe, deixa. E taí uma coisa que não sei fazer: escolher! Qual prato do cardápio, qual sobremesa do buffet, qual série no Netflix, qual dos eventos marcados no mesmo dia (quem sabe uma passadinha em todos?), imagina as decisões importantes então? E tudo isso por medo de escolher errado e deixar o certo de lado.
Hoje era dia de escolha.
Cansada do sábado (e da semana, e do mês, e muito provavelmente do ano), com ingressos comprados pra um show infantil, não sabia se mantinha a programação combinada com as crianças, ou desperdiçava ingressos, tomava um energético e ia pra Gramado comemorar o aniversário da minha mãe, bem mais importante afinal. Mas aí para, pensa na estrada, no dinheiro gasto, na expectativa das crianças, sai pra correr, sofre, compra presente, lembra que tá exausta, vai buscar as crianças que dormiram fora, nem tira a roupa da corrida, mas pega o presente. Decisões contraditórias da maluca da indecisão. Pois então tive a ousadia de entregar na mão da Mel a escolha.
- E aí Mel, o que a gente faz?
A primeira resposta foi aquela esperada: eu queria fazer as duas coisas! Bem vinda ao meu mundo, Mel! Conversa daqui, analisa dali, com o carro parado, virei pra trás e insisti:
- O que a gente faz?
Eis que então ela começa a chorar e grita:
- Eu não consigo escolher, mamãe!
Ah, meu amor, me perdoa. Eu te entendo tão, mas tão bem. Quem escolhe, sempre deixa. Mas acredita, nem sempre escolhe errado.
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