quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Porto Alegre vai ganhar um presentão

Nunca tinha visto nascer um Shopping. Iguatemi e Praia de Belas ficaram de pé nas épocas em que eu pensava em ser veterinária e publicitária. Em 15 anos de arquitetura, entre faculdade e profissão, nunca tinha presenciado um evento destes. E realmente é um evento. Trabalho nos mesmos projetos a cerca de um ano. Acompanhei decepcionada as três (ou seriam mais que eu nem soube?) mudanças de data de inauguração. Vi a Fernanda Lima jurar de pés juntos no mega-coquetel para a entrega das chaves aos lojistas, que a inauguração seria no dia 30 de outubro. Mentirosa!
Ganhei botas e capacete novos para encarar a obra no mínimo duas vezes por semana, coisa que faço há mais de dois meses. E a cada saída repito mentalmente a frase "Bah, mas isso aqui não vai ficar pronto em X dias nem a pau", diante da infindável obra do Barra Shopping Sul.
Pois então marcaram a, teoricamente, última data: 17 de novembro. E desta vez ninguém fez eles mudarem de ideia. Nem mesmo as minhas férias fizeram eles mudarem de ideia. Desgraçados!
A cada visita, a cara daquela obra gigantesca muda de figura. Cada dia que chego percebo que surgiu um novo elemento: uma palmeira, um granito na fachada, uma sinalização indicando as entradas, a marcação do estacionamento, ou então mais um letreiro me mostrando quem estará por lá.
E é justamente lá dentro, onde o contraste da obra seria cômico se não fosse trágico. Passeio pelo shopping de botinas e capacete e cruzo com as donas de lojas de rasteirinhas e chapinha no cabelo, ignorando a cara feia dos fiscais da segurança do trabalho. As meninas da limpeza insistem em passar um pano na prateleira de vidro, enquanto o gesseiro insiste em lixar o gesso em cima da mesma prateleira. O cliente entra em surto psicótico porque quer entrar com as suas mercadorias dentro da loja onde cerca de cinco eletricistas ainda estão pendurados nas eletrocalhas conectando fios. Enquanto uma loja não tem sequer seu piso instalado, ao lado dela repousa uma loja de bijus com portas fechadas e já recheada de pulseiras e anéis. E naquele formigueiro, gesseiros, marceneiros e obreiros em geral, se viram em vinte para que tudo fique pronto.
E graças a todos eles, a coisa cada dia mais vai tomando forma e terça-feira, ainda que a fórceps, ele vai abrir as portas para o público. Mesmo que ao sair de lá hoje eu tenha dado mais uma olhada em volta e tenha repetido mentalmente: "Bah, mas isso aqui não vai ficar pronto em 4 dias nem a pau".

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