segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Motivo de força maior

Depois da Páscoa do ano passado comprei uma passagem pra Floripa. Não, não foi assim simples, tipo, vou pra Floripa. A data foi milimetricamente estudada entre uma volta de Brasília e uma ida pra Barcelona. Pois a data milimetricamente estudada não chegou a acontecer por causa de um “motivo de força maior” daqueles que ninguém explica, só aceita. Passagem devolvida, milhas reembolsadas, Brasília, Barcelona, Brasil, e de repente... Floripa! Passagem comprada. Não, não foi assim simples, tipo, vou pra Floripa. A data foi milimetricamente estudada entre uma volta de Brasília e uma ida pro Rio de Janeiro. Pois a data milimetricamente estudada não chegou a acontecer por causa de um “motivo de força maior” daqueles que ninguém explica, só aceita. Passagem devolvida, milhas reembolsadas, Brasília, Rio, Ano Novo, e de repente... Floripa! Passagem comprada. Assim, simples. Quinze dias antes e nada tinha mudado. Uma semana antes e a passagem seguia firme. Dia da viagem e eu estava mesmo indo? Cheguei a errar o horário e ir parar no aeroporto uma hora mais cedo do que deveria. Sorte. A chuva teria me deixado presa no trânsito. A mesma chuva que fez o meu vôo  atrasar uma hora. A mesma chuva que fez com que eu, na hora em que estava sorridente e tranquila pintando as unhas de cor-de-laranja no saguão do aeroporto, ouvisse meu nome nos alto-falantesPois é. Foi essa mesma chuva que decidiu que eu perderia minha conexão em São Paulo. Incrivelmente ainda sorrindo conversei gentilmente com meus novos amigos, um time de uns cinco caras da TAM tentando achar a solução pro meu problema:


- Então Senhora Kelen, a senhora vai para casa e volta amanhã para pegar o novo vôo, que sai as seis.
- Olha só. Eu não posso ir amanhã, sabe? Eu preciso ir hoje. Na verdade, eu precisava ter ido na semana passada. Não, no mês passado. Pior, no ano passado!
- Entendi Dona Kelen. Mas é tudo por conta da TAM, sua ida e sua volta de táxi e...
- Pois é, mas tem algumas outras coisas que a TAM não vai poder pagar, sabe? Então, quais são as nossas outras alternativas?
- Bom, quem sabe então a senhora vai a São Paulo agora no seu vôo, a TAM acomoda a senhora lá, e então a senhora pega o vôo das 4 horas da manhã.
- Ó! Já é melhor que a propopsta anterior, mas ainda não serve. Eu tenho certeza que vocês vão conseguir uma alternativa melhor que me faça chegar hoje em Florianópolis!


Incrível o poder da serenidade em alguns momentos. De repente, depois de muito cochicho, uma voz vinda de um rádio diz:

- Ok. Oferece para a cliente o vôo da Gol que sai as dez.
- A senhora quer? Ir de Gol?


Eu sorrio dizendo:

- Eu sabia que vocês resolveriam meu problema!


Quase uma hora depois, do outro lado do aeroporto, o moço da Gol ainda conseguiu me apavorar, olhando sério para a tela até lamentar:

- Desculpa senhora, mas agora só temos lugares de meio.
- Meu amigo, chega lá ainda hoje? Então eu vou até na asa. Do lado de fora!

E enfim, Floripa.
Vocês poderiam me perguntar, o que tem de tão sensacional em Floripa pra gerar essa história toda.  Apenas um “motivo de força maior” daqueles que ninguém explica, só aceita.

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