sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Os tiros

Ontem a tarde discutíamos sobre a violência em Porto Alegre em um grupo do whats app, falando sobre o ocorrido no Iguatemi, ou nas proximidades dele, não importa. Em meio ao assunto, desci com o Lucas no colo pra ver a feirinha montada em frente ao Ohana na esquina de casa. Voltei entusiasmada e comentei: "feirinha na calçada, sonzinho ao vivo, galera na rua tomando ceva, solzinho de fim de tarde, uma delícia. Chega a não dar pra acreditar que tá tudo do jeito que tá. Pra crise se dá um jeito, mas a gente tinha que conseguir reverter a insegurança. Isso já mudaria 500% nossas vidas". O clima tava tão bom que espiei pela janela lá pelas dez da noite e a galera seguia lá, tanto que desci com as cachorras pra comprar um docinho. Mais ou menos uma hora depois, me apavorei ouvindo uma série de disparos na rua. Olhei da janela para a esquina antes movimentada e no meio do susto agradeci que não tivesse sido ali. Pelos gritos de alguém, percebi que era na esquina oposta.
Falávamos também a tarde que as notícias sobre a violência hoje em dia se espalham muito rápido e com isso espalham pânico e as ruas se esvaziam e os estabelecimentos se fecham e o crime se torna mais fácil e assim segue esse maldito ciclo vicioso. Mas quando a notícia não chega pelas redes sociais e sim pela janela da tua casa, o entusiasmo morre. Sobra só o barulho das sirenes seguido de um silêncio ensurdecedor. E o medo.

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