quinta-feira, 31 de julho de 2025

Uma viagem, um poema

 Um segundo em silêncio,

mas por dentro,

um punhado de sons.

Momentos ruins nos sabotam,

e tentam apagar os bons.

Do colorido para o cinza,

das nuvens para o sol.

Parada na fila,

ou esperando abrir o farol. 

Estou quase chegando,

e em seguida saindo.

Me vejo correndo,

de repente caindo.

Choro, soluço,

e do nada estou rindo. 

E tudo é tão louco,

e também é tão lindo,

que está tudo parado,

mas também indo e vindo.

Um dia é tão pouco...

mas depende para que.

Lembrar para sempre,

ou tentar esquecer?

Dá para ganhar o mundo,

e depois (se) perder.

quarta-feira, 23 de julho de 2025

Feliz no simples

 Com grana curta ou não, as férias de inverno sempre chegam. A pessoa aqui, que não consegue simplesmente ficar em casa à toa, pra não ver duas crianças entediadas (crianças entediadas, ahã) resolveu fazer o melhor dentro do possível: Floripa, casa da amiga, um dia no Beto Carreiro e assim teríamos algo próximo a "férias de verdade". Quis o destino que um dia antes da viagem à Penha, ontem no caso, Mel tivesse febre. Eu, que não tinha comprado ingressos antecipados mas tinha definido que depois de quarta não encararia a empreitada, meio que fiquei triste, mas também meio que agradeci. A previsão de tempo na fila por brinquedo somada ao custo final da brincadeira, não seria exatamente a melhor maneira de sair da rotina nos dias atuais. Foi então que com o dia nublado, a criança mais entediada da casa aproveitou o efeito Alivium na filha e sugeriu: e se fossemos fazer skibunda? A doente topou, o irmão azedou, mas foi voto vencido, e lá fomos nós. Chegando lá, o vento crocante que nos recebeu me fez ter certeza que estávamos presenciando mais uma roubada na qual eu colocava meus filhos nessa vida. Mas isso foi só até acharmos o lugar certo e um pouco mais protegido, porque a partir daí, foi só areia na cara e alegria. E com direito a sol!

Ainda ontem brincava com um amigo sobre ser feliz no simples. Pois os 10 minutos que levei pra chegar na Lagoa somados aos 30 reais gastos no aluguel de uma pranchinha de madeira, talvez sejam uma boa tradução pra isso.

domingo, 13 de julho de 2025

Música entre gerações

 Eu amo ouvir música. Meus ouvidos chegam a estranhar quando o Dpotfy finalmente descansa. E de uns tempos pra cá, as músicas infantis caíram em desuso aqui em casa, e minha dupla curte as músicas da mamãe sem reclamar. E isso deixando claro que migro de Gilsons pra Imagine Dragons, passando por Shakira, Beatles, Beth Carvalho e Chitãozinho e Xororó (só Evidências, mas precisamos apresentar desde cedo).

Pois quando vi que na próxima Balonê Kids ia ter show da Ultramen não pensei duas vezes: vão conhecer a banda gaúcha mais tri com a mamãe.

Depois de uma manhã no parque de diversões, nem parei em casa pra não correr o risco de não conseguir mais sair de lá. Mezzo reclamando, mezzo curtindo o agito do dia, eram 15:05 quando chegávamos na festa que mal tinha começado. E somente duas horas de muito pula pula, pipoca e algodão doce depois, o show começou, como já era o programado.

Tinha tudo pra dar errado, afinal eram duas crianças e uma garupa só, já meio esgualepada. Mas de repente estávamos os três dançando e já nem tinha importância se víamos o palco ou não. Só fomos embora depois da última música, suados e exaustos. Liguei o carro, e antes que o Spotfy criasse vida própria, o Lucas falou:

- Mamãe, como tava bom o show!

Na semana em que fui ao show do Kleiton e Kledir com o Vitor Ramil, de quem aprendi a gostar com a idade deles, graças ao meu pai, sorri imensamente vendo a história se repetir.

sábado, 5 de julho de 2025

A bicicleta dourada

Eu não lembro do dia que ganhei minha Cecizinha dourada, nem de andar nela ou mesmo de quando tirei as rodinhas. Mas imagino serem boas as lembranças, ainda que apagadas da memória, pois quando meus pais venderam a casa, a única certeza que tinha é que ela ficaria comigo.

Um ano depois de trazer pra Porto Alegre e deixar ela parada na porta de casa, finalmente minha Cecizinha dourada foi consertada! Pedais novos mas muito parecidos com os originais, uma buzina americanizada escolhida pela nova proprietária, rodinhas pra pegar o jeito e um banco retrô bem fofo completaram o conserto. A única coisa que a mãe aqui não pensou, foi que a filha poderia sequer alcançar os pedais depois de tanta expectativa criada. Pois hoje fomos buscar a bicicleta e ao ver a Mel sentar no banco, faltaram uns três centímetros pra dar tudo certo.

E foi assim que o banco retrô fofo e lindo foi automaticamente substituído por um banco moderno, feioso e magricelo que cumpriu lindamente a função de reduzir os centímetros suficientes pra ver o sorriso na carinha dela ao dar seu primeiro passeio na bici "nova".