Ontem, na minha troca diária de e-mails com uma amiga, em um determinado momento nos demos conta de quantas vezes dissemos (não só ontem, mas sempre):
"Se eu fosse tu, eu não iria."
"Se fosse comigo, eu não ligaria."
"No teu lugar, eu escreveria."
Conselhos, dicas, ideias que na verdade sempre tem seu lado bom mas que refletem o modo de ser, de pensar, de sentir da outra pessoa, não o nosso. É válido? Sempre é bom ver as coisas por outro ponto de vista, mas somente nós podemos saber de todo um contexto para decidir como agir em cada situação. Somente nós podemos saber o quanto estamos dispostos a dar a cara para bater. Somente nós podemos saber o quanto podemos suportar as consequências de cada atitude nossa. As coisas são quando devem ser, do jeito e no tempo que tiverem de ser e sinceramente, na maior parte das vezes, independente das nossas atitudes. Podemos estar fazendo tudo (teoricamente) certo e tudo sair errado. Podemos estar fazendo tudo (teoricamente) errado e tudo acabar dando certo. Eu realmente acredito nisso.
Os meus defeitos provavelmente apareçam muito mais rápido do que as minhas qualidades. A minha rapidez e espontaneidade muitas vezes confundida com ansiedade, provavelmente muito mais assuste do que agrade. Mas eu me recuso a criar um personagem pra fazer alguma coisa funcionar, mesmo que por um tempo. Um dia a máscara cai e vemos que a fantasia que criamos era uma palhaçada. E mascarada ou palhaça são duas coisas que eu nunca pretendo ser.
"Então é assim que a vida faz
e sempre haverá um fim
um plano rápido ou um plano
longínquo do horizonte
e os créditos
os personagens se revelam
atores no aplauso final
e há pra cada interpretação
o que lhe for proporcional
fica muito bem em cinema
romance do romance ideal
só vamos então deixar combinado
aqui é a vida real
não leve o personagem pra cama
pode acabar sendo fatal
então desmonta logo esta máscara
voltemos à estaca zero
fica tudo igual
normal."
(Lulu Santos - Tudo igual)