segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Super Musical

 Vesti eles pela manhã e anunciei:

- Então tá, hoje o Lucas vai ser o Super Homem e a Mel a Mulher Maravilha.

- Na verdade, mamãe, eu sou o Super Musical e meu super poder é a música!

E não tem kriptonita que acabe com esse poder.

domingo, 17 de janeiro de 2021

Receita

Como fazer pão enquanto os filhos brincam com massinha:

1 colher de... Melissa, não joga no chão!

2 colheres de... Lucas, não tira a forminha dela!

170gr de... Não misturem essas massas!

1 xícara de... Ah, tá uma delícia essa tapioca de massinha, Lucas!

2 xícaras de... Tá, a mãe já comeu tapioca suficiente.

8 colheres de... Guilherme, eu tava contando!

Misture tudo é torça pra dar certo.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

48 horas

Fiz um pedido de Natal inusitado nesse ano que passou. Preciso de um celular novo, de panelas novas, quero muito uma composteira. Mas pedi 48hs pro meu marido. 48hs sem filhos, sem marido, sem cuscas, sem louça, sem  arrumar cama, sem trocar fralda, sem limpar xixi na sacada, sem brincar, sem desenhar, sem cozinhar, sem insistir pra comer, sem dar banho, sem fazer dormir, sem lavar, sem estender, sem guardar, sem juntar, sem arrumar, sem levar pra passear, sem juntar cocô, sem juntar brinquedos. Sem Bita, sem Patrulha, sem Popó, sem Mickey, sem Blaze, sem Globo News. Sem pedir pra colocar fora a caixa de leite que ficou em cima da pia, sem recolher copos, nem roupas. Ganhei de brinde 48hs sem internet, porque não pega  por lá. 48hs sem essa produção louca e desenfreada de adrenalina, endorfina e ocitocina que é ter uma família linda e completa. Vão ser também minhas primeiras 48hs sem ouvir nenhuma vez a palavra mamãe, aquela que ouvi pela primeira vez há uns 3 anos e meio e que desde então é a palavra que ouço inúmeras repetidas e incontáveis vezes diariamente. E é tão maravilhoso e eu quis tanto que... vai ser bom sentir falta de ouvir! 48hs minhas. Me belisca.

Observação pós retiro: Se eu senti saudade? Senti. Tanta quanto eu estava de ser só Kelen por um tempinho que fosse. A maternidade nos transforma totalmente, mas acho que seremos mães muito melhores se conseguirmos cultivar a essência do que éramos antes disso.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Apenas mais uma segunda-feira qualquer

Eu poderia ficar em casa inventando brincadeiras, ou deixar eles inventarem. Mas inventei foi de ir passar a manhã na piscina do clube. A saga inicia as 9hs pra conseguirmos sair as 10:30. Arrumo as camas, coloco sunga, maiô, biquíni. Tomamos café da manhã. Enquanto Lucas quer tudo, Mel não quer nada. Ovo mexido. Não. Manga. Não. Mas meu leite de aveia com chocolate ela manda ver enquanto busco mais uma alternativa. Iogurte com chia, finalmente. De quebra ainda lanço umas mangas no pote "sem querer". Passo protetor nos dois e em mim. Pego fruta, água, brinquedo, toalha, bóia, uma roupa seca, fralda, óculos, máscara. Partiu. Elevador, escada, cadeirinhas, carrinho no bagageiro, sento no volante."Mãe, tu podia colocar a música da Popó?". "O celular tá lá atrás e eu não vou pegar agora, Lucas", "Ahhh...", "É com a música da mamãe ou voltamos pra casa." Silêncio, amém. Saio da minha odiada e milimétrica vaga, em cinco minutos estou no clube. Lá vamos nós. Carrinho, tralharedo completo, filhos. "Quero ir no carrinho, mãe". Aquele que carrego junto só pra jogar tudo em cima e facilitar minha vida. "Sobe no carrinho, Lucas.". "Mamãe!", "Vem no colo Mel...". E lá vamos nós no formato bem menos fácil. Temperatura, álcool gel, rampa, tira roupas, bota bóias, pega brinquedos. Ufa.

O ufa é só porque cheguei no destino, porque de ufa não tem nada. Passo uma hora e meia me dividindo entre piscinas, alcançando brinquedos, brincando de pegar, apartando brigas até que... "Mamãe, fio". Busco a camiseta, coloco por cima do maiô. "Mamãe, fio". "Quer sair, Melissa?", "Sim!". Vejo o Lucas lá do outro lado da piscina. Grito por ele, inutilmente. Enrolo a guria na toalha. Deixo ali quietinha, vou resgatar o outro filho e os brinquedos. No meio da caminho vejo a miniatura vindo em direção a piscina sem bóias e dou meia volta. Assim que ela senta na beira da piscina percebo aquele recheio na fralda encharcada. Junto a criança e levo na cadeira. Grito pro Lucas vir, inutilmente. Tiro a camiseta pra conseguir tirar o maiô pra conseguir chegar no estrago. Haja lenço. Faço o possível, levo no chuveiro enquanto meu outro filho me ignora solenemente da mesma forma que a outra mãe  que está na piscina e que não se move nem se solidariza e grita "deixa que eu cuido dele". Consigo limpar a guria, vestir uma fralda e graças a um pote com morangos e água mantenho ela quietinha enquanto resgato o outro filho. Ele fica ali paradinho do lado da cadeira e me comunica: fiz xixi.

Ótimo! Super legal. Jogo um balde de água e considero limpos: o filho e o chão. Seco, visto, seduzo com morangos e volto pra recolher brinquedos espalhados pela piscina. Coloco o vestido em cima do biquíni molhado e quando vejo tudo pronto pra voltar pra casa menos de duas horas depois de ter chegado chega a me dar um tiquinho de raiva. Filha no carrinho, filho a tiracolo, máscara, rampa, carro. Despejo tudo nos seus devidos lugares, sento no volante e ligo o rádio. "Born to be wiiiiiiiild". Fecho os olhos por dois segundos e me tele transporto pra montanha russa da Universal Studios onde escolhi essa música pra curtir o trajeto. E eu que achava que aquilo era emoção... Interrompo meus loopings com o Lucas no meu ouvido "Mamãe, agora tu tá com teu celular, pode colocar a Popó?".