quarta-feira, 8 de maio de 2019

Você é meu amorzinho, você é meu amorzão

Normalmente quando eu estou com a Melissa, ou o Lucas nos ignora solenemente ou quer que eu substitua ela imediatamente por ele, não tem meio termo. Mas mesmo quando a primeira opção é a escolhida, certamente ele está atento ao que está acontecendo ou sendo dito. Me dei conta disso dia desses no carro, quando perguntei pra ele a mesma coisa que costumo perguntar pra Melissa durante a troca de fraldas.
- Quem é o amor da mamãe, Lucas?
Prontamente ele me respondeu.
- É a Meissa!
Assim que consegui juntar todos os caquinhos do coração do chão, respondi pra ele:
- Não Luquinhas, vocês dois são meus amores! Ela é meu amorzinho, tu é meu amorzão!
Ele sorriu, parece que gostou do arranjo. Aí lembrei que havia um marido no carro e completei:
- E o papai é o meu amor!
(pausa)
- Às vezes.
Não dá pra dar essa moral toda pra marmanjo, né?

sábado, 4 de maio de 2019

Talita Flores

Parei na pequena e querida floricultura perto de casa pra comprar algumas plantas novas. Expliquei pra sorridente atendente o que queria.
- Oi, eu queria três suculentas pra substituir minhas Onze Horas que as formigas destruíram.
Ela, cheia de vasos de suculentas na sua frente, me respondeu:
- Ah, não se preocupa. É o clima, isso acontece com a Onze Horas nessa época. Na primavera ela floresce de novo. As formigas só se aproveitam da situação, mas é natural. O que tu pode fazer é colocar umas cascas de árvore e esperar.
- Sério? Nossa, tu acabou de perder tua venda então, mas se tu tiveres casca de árvore vou levar.
- Tenho sim.
- É mesmo uma época difícil, tenho mais umas duas que parecem doentes.
- Quais são?
- Uma é a Dinheiro em penca, sabe? Tá com vários caules feios, ficando com poucas folhas.
- Deve ser água demais. Para de molhar tantas vezes, no máximo borrifa água nela.
- E a outra é uma suculenta.
- Esquece elas nessa época. E usa essas pedrinhas brancas pra isolar a folha da terra ainda úmida. Olha a terra dessa que está linda, é seca! Essa aqui tô recuperando pra uma cliente, e olha essas? Coloquei aqui pra recuperar, é meu cemitério!
Olho para um vaso cheio de plantas verdinhas brotando.
- Tá mais pra hospital esse cemitério, hein? Vê pra mim um pouco de pedrinhas? Nossa, tenho uma igual a essa que era linda e está super caída.
- Essa é a Sissus, ela precisa de muita luz.
- Ela já tá bem perto da janela.
- Mais luz que isso, coloca na rua!
Peguei meus saquinhos de pedras e cascas e agradeci a aula. Não sem antes pegar o cartão dela, que me disse que visita as casas das pessoas, faz uma análise de todas as plantas e volta pra fazer o trabalho de ajustes e recuperação. E o mais importante, que ama fazer isso. Como se o brilho nos olhos dela a cada explicação não deixasse isso claro!