segunda-feira, 13 de março de 2023

Crise de ansiedade

 Fui agraciada, nas vésperas dos meus quarenta e seis anos, com uma crise de ansiedade. Não é a primeira vez que ela me visita. Da última vez, inclusive, estava certa de que iria morrer de falta de ar. Foi pós-covid, me deem um desconto. Meu irmão, sempre muito prático, me explicou: tu estás com sensação de falta de ar e não falta de ar de verdade (o que bem se via pela minha oxigenação em 100% após corrida até o hospital). Alguns anos antes, meu pai dava um outro nome para as minhas crises: suspirite aguda. Errado ele não estava, já que os sentimentos sempre estiveram à flor da pele nessa pele aqui. Desta vez, quando a crise chegou, sabendo eu que era uma sensação que meu próprio corpo provocava (porém não controlava), passei a me provocar e questionar: o que está me deixando assim? Não pode ser só culpa daquele projeto insano, quantos destes eu já fiz? Já sei, escola nova, filho no primeiro ano, angústias e medos aflorando. Mas será? Eles têm chegado tão felizes em casa. Boletos (incrivelmente) pagos, saúde (sempre sendo checada) em dia e em meio a esses pensamentos, segui enlouquecidamente acordando cedo com crianças na cama, passeando com cachorras, fazendo lanches, checando mochilas, correndo até a academia mesmo com tempo contado, organizando a casa e a vida, zerando notificações de todo e qualquer aplicativo, preenchendo tabelas e planilhas, fazendo mil reuniões, achando espaço para todos os eventos e atividades possíveis, caindo cedo e exausta na cama até que... chegou a me faltar o ar. Seria ânsia de não estar vivendo tão intensamente e daquela forma interessante que almejei há um ano atrás? Ou estaria eu vivendo intensamente até demais para não deixar de ter aquela tal vida interessante almejada? Lembrei da amiga psicóloga que naquela mesma crise pós-covid me disse que eu não estava com falta de ar, mas sim com excesso. Na ânsia por não ter, acabamos por ter demais. Será que vale só para o ar? Os quarenta e seis chegaram, está voltando o ar. Que não me falte tempo para respirar (e nem motivos para suspirar).