De repente me dei conta que faz um ano que fui morar em Barcelona. E não, definitivamente não parece que foi ontem. Parece que foi em outra vida.
Barcelona passou, a viagem pela Europa passou, Porto Alegre voltou e quem diria, também passou. E veio o Rio, que quando eu menos esperava passou, levando com ele mais um verão. Porto Alegre voltou, trouxe um outono, um inverno. Eu parei de ir e vir, mas as coisas não pararam de passar por mim. De uma hora para outra a copa passou, o Brasil passou, o Jorge Drexler veio parar aqui e também já passou, e até mesmo mais um amor passou. Pessoas, amores, dores, crises, estações, situações, sentimentos, vontades, saudades. Tudo isso se não passou, assim como a banda ainda vai passar.
Foi exatamente há um ano também que me perguntaram se eu não me preocupava em ter mais de trinta anos e não ter absolutamente nada. Aquela pergunta martela na minha cabeça até hoje. Qual o significado de nada? Um carro? Uma casa? Um marido? Filhos, talvez? É verdade, não tenho nada disso e talvez isso devesse me assustar um pouco. Mas quando eu olho para trás, pro meu passado e vejo o que eu já vi, o que eu já conheci e o que eu já vivi, esse nada definitivamente passa a não fazer o menor sentido.
Cada coisa a seu tempo, cada pessoa ao seu modo, cada um decidindo como viver a sua própria vida. Por sinal, a vida, ela é a única coisa que não pode passar. Quer dizer, ela passa sim. O que ela não pode é passar em branco.