"Catherine (que não é mais Kate pois princesa não tem apelido), acordou com dor de cabeça (princesas podem mentir desde que ninguém desconfie) e não transou com William (que na verdade se chama Guilherme), comeu seu iogurte com geléia real e foi dar uma corrida no parque (já que musculação ela não fará mais pois princesas não levantam pesos)".
Só pra lembrar que ainda teremos toda a lua de mel real pela frente.
Por mais que eu adore o Uruguai, não torceria pra eles hoje a noite nem que o Jorge Drexler me implorasse de joelhos com um pote de doce de leite na mão. Eu acho. Mentira, torceria sim.
Era alguma noite de maio, de 1992. Tento me lembrar se
tinha mesmo autorização para sair do Colégio ou se falsifiquei a assinatura da
minha mãe para poder me juntar a todos os alunos da Fundação que iriam ao Show
do Roxette em Porto Alegre. Não importava; eu era fã incondicional e iria
àquele show de qualquer jeito. Não tinha pôsters grudados na porta do meu
armário do Internato, como as minhas amigas tinham do Axel Rose ou do Bono Vox,
mas sabia cada uma das letras de cor. Suspirava ouvindo Dangerous e enlouquecia
quando ia na casa das amigas de Novo Hamburgo assistir aos clipes na MTV, já
que a TV a cabo ainda não havia chegado até Gramado.
Diversão absoluta no ônibus a caminho do show que não parou nem mesmo frente às filas imensas que nos aguardavam no Gigantinho. O grupo que desceu as pressas se dissipou rapidamente e com pouco mais de dez pessoas acompanhei as primeiras músicas lá do fundo da pista. Deve ter sido impulsionada pelo "Yeah, yeah, yeah" de Drexed for success que eu e mais dois amigos percorremos toda distância que nos separava até a grade mais próxima da banda, parando apenas pra tocar nas bolas gigantes que voaram para a platéia durante Joyride em perfeita sincronia com a música. "In a wonderful balloon". E em épocas mais simples, sem camarotes nem pistas premium, em poucas músicas estávamos colados no palco.
E foi de lá que o mundo de uma guriazinha de 15 anos parou ao ouvir os primeiros acordes de Perfect Day tocados no acordeon.
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Quando soube do show em Porto Alegre não movi uma palha pra comprar ingressos. Não cogitei a hipótese de entrar no túnel do tempo. Não me imaginei gritando "Hello, you fool, I love you" outra vez. Mas na verdade só faltava eu ser impulsionada por alguma coisa. Então minha irmã resolveu querer ir e eu topei, assim, sem muita resistência. E aí estou aqui ouvindo "Spending my time". E pior, cantando. Talvez eu só não quisesse voltar a me sentir aquela guriazinha de 15 anos que se emociona (e ainda espera) o tal do Perfect Day.
Das coisas que me orgulham em ser o homem da casa: ter todas as ferramentas e acessórios necessários para efetuar a instalação da luminária da sala. Das coisas que não me orgulham tanto assim: não obter êxito nenhum na instalação e ainda por cima ficar sem luz.
Da lista das coisas que irritam: pedir pra cancelar o recebimento de determinados e-mails e segundos depois receber a confirmação do cancelamento do mesmo maldito e-mail.