terça-feira, 26 de julho de 2022

Aha, isso aqui tá muito bom

Sabe aquela música do Jota Quest "Jacarepaguá é longe pra caramba!"? Ô realidade cruel. Pois o meu Rio de Janeiro da vez é esse. Hoje saí do trabalho e fui comprar meias (o negócio aqui não é Havaianas, é bota de obra que carcome o tornozelo). Pensei "vou ali na Barra", não era isso que o Flausino sugeria na música? Mas a verdade é que nem a Barra é perto, basta ver que o Uber saiu o preço de três pares de meia. Na volta pensei: não vou me mixar, vou de busão! Cheguei na parada, descobri que nada me levaria onde eu queria exceto o BRT. Metros a frente vejo uma faixa que me leva até a estação do BRT. Tô ainda tentando pensar quem bolou aquelas ilhas, eu não posso acreditar que tenha sido um engenheiro. Um dos lados fecha, não me perguntem porque, e tu só pode ir pelo outro, mas se tu só descobre isso só no meio da rua aí tu vai pelo asfalto mesmo, e reza pra não vir um BRT com pressa. Paga com dinheiro? Não! Tem cartão pra vender na máquina? Claro que não! Mas teve carioca sangue bom com pena da coitada da gaúcha que deu um cartão descarragado pra que ela não ficasse na mão! Olhei pro mapa, padrãozinho metrô, escolhi o sentido e decidi "deve ir até lá". Que nada, tive que descer na Alvorada. Voraz, diga-se de passagem. Orientada pelo motora do BRT anterior, fui atrás da fila do 51 ou do 50. Descobri que era a mesma. E grande. E bagunçada. Em meio aos gritos dos ambulantes, que nesse outro Rio de Janeiro vendem Baconzitos e Cebolitos genéricos e não Bixcoito Globo, tentei descobrir se era ali mesmo. "Quê? Não, esse não vai até lá não!" Explico melhor e descubro que "ah não, vai sim". Ia né amor, ele acaba de vazar. Menos mal que não entrei, saia gente pela fresta das portas. Vou esperar o próximo. "Esse era o último". Tá de sacanagem, vou de Uber. E como sai daquela ilha BRT dos infernos? Que ideia Kelen, que ideia. Vamos esperar então o tal do 50. "Cinquenta? Ah, esse não vai lá não". Vou matar um carioca hoje. "Pega o cinquenta e treix e desse no Morro do Outeiro. Na ixtação, não entra  no Morro do Outeiro que é perigoso!". Peguei o 53. Quando vi o Parque Olímpico quase escorreu uma lágrima! Desci na estação do Morro, mas não era meu destino final, mais uma carioca simpática tinha me dado a dica! Ainda precisava esperar mais um BRT pra descer na minha parada que era a próxima, tipo 100 metros depois. Eu iria fácil pela ciclovia ali do outro lado ainda movimentada, mas quem diz que tem como sair da maldita ilha? Ameacei pular daquele negócio e atravessar ali mesmo, mas resolvi me controlar. Um tempo depois vem o dito BRT. Nem saií da frente da porta que entrei. A última carioca que me orientou ao que fazer ainda gritou "Boa Sorte". Ela nem terminou a frase e a porta abriu. Eu e mais dois sujeitos saltamos na estação e demos de cara com uma tela fechando o vão da porta. Boa o que mesmo? Virei de frente pro asfalto parada naqueles 50 centímetros de piso e perguntei pro universo "e agora?". O universo, que era o moço ao lado, me respondeu "a gente pula!". Socorro. Pula, vai pelo asfalto até a faixa e reza pra não vir um BRT com pressa. E a música do Jota Quest que não me sai da cabeça não poderia ter um nome melhor: Onibusfobia!