Quando eu era mais nova (bem mais nova), lá pela quarta ou quinta-série, sentia muita inveja de algumas coleguinhas do colégio. Elas tinham os cabelos impecavelmente lisos e graciosamente presos por uma tiara, acho que nunca ficavam gripadas, pelo menos nuca ouvi elas sequer espirrarem. Os livros delas não tinham orelhas e os cadernos pareciam todos de caligrafia. A impressão que eu tinha é que nem a borracha fazia farelo na mesa delas. Eu olhava praquilo e ficava triste. Nunca consegui apagar uma palavra escrita errada sem amassar ou rasgar uma folha ou então gerar um borrão, minha letra nunca foi digna de algum elogio, meu cabelo já não colaborava embora eu tentasse (em vão) domar ele com um bucle e a impressão que eu tenho é que eu vivia fungando, com o nariz vermelho e escorrendo.
Hoje, descendo da lotação, dei de cara com uma daquelas colegas, hoje já na versão mulher. Cada fio de cabelo dela não se moveria nem se passasse um tufão. A pele não tinha sequer um sinal, a roupa era totalmente combinada e ajustada, ela usava uma bolsa pequena e não carregava nada além de uma agenda na outra mão, impecavelmente feita. E do outro lado estava eu, igualzinha a Kelen da época do Colégio Marista. O cabelo tentou ser domado por dois tic tacs, mas decidiu não obedecer. No rosto, mais uma vez faltou o gloss na boca, a pinça na sobrancelha e sobrou a marca daquela espinha que não devia ter sido espremida. A manga da blusa de baixo teimava em aparecer, fugindo por baixo da manga da blusa de cima e a manta que deveria estar enrolada no pescoço, teimava em escapar bolsa a fora. Esta última, gigante e entreaberta, parecia carregar a casa e ainda assim a outra mão, com as unhas já desfeitas, equilibrava duas sacolas enormes e um saquinho do Mc Donalds.
Por sorte hoje o nariz não estava escorrendo, o casaco não teria bolso para o lenço de papel que estaria pendurado em uma das mãos. E quanto a letra, bom, agradeçam por eu estar digitando em um computador.
Hoje, descendo da lotação, dei de cara com uma daquelas colegas, hoje já na versão mulher. Cada fio de cabelo dela não se moveria nem se passasse um tufão. A pele não tinha sequer um sinal, a roupa era totalmente combinada e ajustada, ela usava uma bolsa pequena e não carregava nada além de uma agenda na outra mão, impecavelmente feita. E do outro lado estava eu, igualzinha a Kelen da época do Colégio Marista. O cabelo tentou ser domado por dois tic tacs, mas decidiu não obedecer. No rosto, mais uma vez faltou o gloss na boca, a pinça na sobrancelha e sobrou a marca daquela espinha que não devia ter sido espremida. A manga da blusa de baixo teimava em aparecer, fugindo por baixo da manga da blusa de cima e a manta que deveria estar enrolada no pescoço, teimava em escapar bolsa a fora. Esta última, gigante e entreaberta, parecia carregar a casa e ainda assim a outra mão, com as unhas já desfeitas, equilibrava duas sacolas enormes e um saquinho do Mc Donalds.
Por sorte hoje o nariz não estava escorrendo, o casaco não teria bolso para o lenço de papel que estaria pendurado em uma das mãos. E quanto a letra, bom, agradeçam por eu estar digitando em um computador.
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