quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Táxis, chaves e uma pessoa fumegante

Ela entra numa tal maré de má sorte que não tem fim. Viagem a trabalho marcada, 5 dias em São Paulo. Um dia antes deixa cair a chave dentro de um táxi. Quando se dá conta o taxista não está mais ali. Só lembra da chave à noite, quando não tem como entrar em casa. Lembra de que ponto era o táxi, liga pro 102, pede o número, liga pro ponto do Hospital Conceição, pede pro moço que atende pelo taxista que tem uma Zaffira, ou Meriva, ou uma coisa dessas, ele fala, "Ah é o Anderson, o Graveto, não tá", "Tem celular?", "Não, não tem celular dele aqui". Desiste do taxista, apela pro chaveiro. Pede pra vizinha abrir a primeira porta e já aproveita e pede pra abrir a segunda, chama o chaveiro pra abrir a terceira e a quarta portas enquanto o pé tranca a primeira que não pode se fechar. Já aproveita e faz uma chave da quarta porta e só desta. Pede pra outra vizinha deixar a porta em comum aberta e pra terceira vizinha, pede uma chave lá de baixo emprestada. E só nesta brincadeira se vão 80 reais. Volta de São Paulo, não consegue falar com o Graveto, entra em casa, deixa a mala e vai passear, bate a porta que a vizinha deixou aberta, fica sem ter como entrar em casa, monta num porco, fica até às nove na rua, às nove, dá jeito de bagunçar a vida sentimental recém organizada, chora, volta pra casa; a vizinha deixou a porta aberta. Um dia depois, Graveto liga e devolve todas as 14 chaves, cobra 10 pila pela corrida, ela dá 20. Mal sabe ele o que causou não ter essa chave; 20 pila saiu barato...
.:.
Respira fundo e vai em frente. Um dia de cada vez. Encara a bike abandonada para ir até o Shopping. Vai no posto, enche pneus, liga o I-pod e vai pedalar contra o vento pra esvaziar a cabeça. Quase chegando no shopping, uma mocinha sem noção da largura da rua praticamente leva o braço dela com o retrovisor. Ah se fosse só isso, aquele roxo não abalaria tanto. Anda mais dez metros e a bicicleta trava, o pneu tá no chão. Empurra a bike até o posto da esquina, descobre que o pneu furou e que a borracharia está fechada e de brinde leva uma cantada do típico velho-tarado-com-carrão-que-acha-que-tá-podendo e que quer levar ela e a bike pra casa, faz cara de nojo, cai fora. Tenta pedir socorro pro amigo de fé, que está sem carro. Pra amiga de fé, que está no cinema. Decide que não vai mais chatear ninguém e empurra a Bike em direção ao Outback. "Não senhora, bicicletário só do outro lado". Empurra a bike até a frente da CeA. "Não senhora, bicicletário só lá embaixo". Chora. Chora muito enquanto a Colbie Caillat canta nos seus ouvidos. Empurra a bike até o Mc Donalds. "Não senhora, bicicletário só no estacionamento coberto". Controla todos os impulsos e não arremessa a porra da bicicleta no chão. Vai ao shopping pagar duas contas, a primeira já não pode, excedeu o limite de pagamentos do dia. 21:35, shopping fechando às 22:00. Vai no banco, saca dinheiro, vai primeiro na segunda loja pagar a segunda conta (que já havia sido paga, mas que a loja não considerou paga e que tem que ser "re-paga"). Tira senha, espera, se irrita, é chamada. O moço tem que ligar pra central pra resolver o problema. 21:45. Não vai dar tempo pras duas contas. Manda avisar que vai entrar ali depois das 22:00 pois vai voltar e pagar a primeira conta. Corre até o outro lado do shopping, paga a conta, volta correndo. Espera. 22:20. Resolvido, mas nada feito, tem que voltar segunda, todos os caixas já fecharam. Chora, chora muito e controla todos os impulsos e não quebra a loja toda. Atravessa o shopping, busca a bike, para na frente do Nacional e pede um táxi. Pra dois, pois a bike vai junto. Os olhos inchados convencem o taxista a levar as duas, por 5 pila a mais na corrida. Topa, vai para casa, a corrida dá 11 pila, ela dá 20. Mal sabe ele o que poderia ter acontecido se ele não levasse ela em casa, 20 pila saiu barato...

Nenhum comentário: