De repente me dei conta que nos dias de semana, cumpro horários em Barcelona. Com raras exceções, quando vejo meu dia foi acordar, ficar no computador até a hora do almoço, voltar pra cá e ficar até o fim do horário comercial brasileiro. O que só pode denotar algum grave distúrbio mental, já que ninguém tá nem um pouco preocupado se eu estou aqui ou se eu estou passeando pela cidade. Tenho que mandar currículos? Tenho, já mandei duzentos, ou mais. Tenho algum trabalho pra fazer? Tenho, e na medida do possível tenho feito todo ele. A angústia de estar ociosa, e claro, de não ter a conta bancária dos meus sonhos nem costas quentes, faz com que eu não me permita simplesmente curtir. Claro que jamais conseguiria ser uma porra louca que gasta o que não tem em agosto pra ver qual é lá em setembro. E estar aqui, pra alguém que não sabe o que é guardar dez pila por mês, já é lucro. Mas nada disso justifica o massacre psicológico que eu mesma tenho me imposto. Ontem no fim da tarde, tinha um compromisso (se é que entregar folders nas Ramblas pode se chamar de compromisso) as sete e meia e eram cinco, quando eu olhei pra essa tela cheia de vectors, corels, currículos, e-mails, orkuts, facebooks e blogs abertos e tive um troço. Não joguei longe o laptop porque não é meu (e porque precisaria usar ele mais tarde por bem ou por mal). Mas fechei tudo, mandei mentalmente a merda e fui pra terraza tomar banho de sol. De topless, pra me sentir ainda mais livre. E esse é o mínimo que eu posso fazer por mim.
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