Há alguns dias um amigo de infância me convidou para escrever num Blog sobre Gramado. Como boa (?) gramadense que sou, prontamente topei e em seguida meu nome estava lá na lista dos membros da equipe. Ontem quando abri a página pra começar a contribuir, de preferência fazendo aquilo que mais gosto de fazer, escrevendo, nada aconteceu.
“Merda, fiquei de escrever hoje e eu não funciono assim, eu escrevo quando vem, e não tá vindo!”
(conversa entre eu e eu mesma em voz alta na frente do computador)
Só que eu não costumo parar e ficar na frente do computador tendo esses tipos de conversas comigo mesma confabulando “O que eu poderia escrever agora... deixa eu ver...”. É óbvio que não. O motivo, o assunto, a vontade, a bobagem, o desabafo, vem espontaneamente e de uma tacada só.
Me concentrei na cidade, fechei os olhos e... vou escrever o que mesmo? Em seguida, lendo os posts já escritos e pensando um pouco mais, me dei conta que o problema estava justamente na palavra que usei pra definir o meu amigo: de infância.
Hoje sou uma Gramadense desnaturada e pior: desnaturalizada. Falo de Porto Alegre com uma propriedade (e com um sotaque segundo minha família...) de Porto Alegrense como se fosse tal. Agora então, morando no Rio, às vezes tenho a cara de pau de responder quando me perguntam “De onde você é?”, que eu sou de Porto Alegre, e com a maior naturalidade, não é descaso com a minha cidade não! Descaso é estar com passagem comprada pra fevereiro e março até Porto Alegre e quase implorar pra que meus pais, irmãos e afilhados estejam lá pra eu não precisar ir “até” Gramado! Até porque nos últimos anos Gramado se reduziu a minha família e ao condomínio da minha irmã, pra onde vou e de onde dificilmente saio nas minhas curtas estadas por lá (minhas quase ex amigas que o digam...).
Saí de lá há exatos 20 anos, poderia ser diferente? Gramado pra mim é sinônimo da palavra como descrevi meu amigo: infância (e um pouco de adolescência, ok, eu não era exatamente uma criança quando pulava Carnaval na Minu). É sinônimo das coisas que descrevi no começo do meu primeiro post. Então como eu poderia agregar num Blog sobre a cidade? Falando do waffle do 25 de julho, minha melhor lembrança do jardim de infância? Do nhoque do falecido restaurante do Hotel Balneário? Da carne de panela da vovó Irma hoje reproduzida pelas minhas tias mas não para o grande público, apenas para a família Tomazelli e seus felizes agregados? Do sorvete com cobertura da Velha Bruxa, caro pra cacete, mas maravilhoso? Da pizza da Casa das Delícias que eu nem sei se ainda existe? Ou da torrada completa do Tênis Clube que só o Marino sabia fazer? E se o assunto for diversão, vou indicar a Boate do Tênis, o Music Bar, o Bar dos Metralhas, a Estação Z, a Boate do Laje ou o Vídeo Bar? Além de nenhum deles existir mais, aí eu me entreguei mais ainda: além de tudo, sou uma Gramadense fajuta que passei 8 anos da minha vida estudando em Canela (e mais três em Novo Hamburgo...) e bem mais do que isso: me divertindo por lá, e não em Gramado. Tem o Bill Bar, é verdade. Mas o Bill Bar do meu tempo, tinha até videokê.
Hoje eu sou capaz de saber indicar mais pousadas na Praia do Rosa do que na minha cidade Natal. Mais passeios na região dos cânions do que na Rota Romântica da qual Gramado faz parte.
Juro: poderia indicar quatro lugares que amo: o Moscerino, o San Tao, a Bodega e o Plátano Dourado (não digo que não sei de nada? Nem existe mais!). Acaba aí meu expertise na cidade. E garanto que esses lugares de tão bons, já devem ser tão conhecidos quanto o Mini-Mundo.
Eu recomendo a minha cidade, principalmente e contraditoriamente agora no verão que é quando não faz aquele maldito frio e justamente por isso deve ter 1/10 dos habituais turistas (eu sou demofóbica, não esqueçam nunca disso). E recomendo mais ainda o Blog Destino Gramado para quem estiver indo pra serra. Com certeza vou ler nele tantas novidades quanto vocês. Porque por exemplo pra mim, o Josephina até ontem não era um café, mas sim a casa do meu primeiro namorado.
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