Há mais ou menos um ano me convidaram pra fazer um tour por alguma das favelas do Rio. Era minha primeira visita turística à cidade e me recusei terminantemente. Não sei se por falta de vontade ou por implicância, mas o Cristo Redentor, o Pão de Açúcar e o Leblon com certeza ficaram com a minha preferência. Por ironia do destino, mais ou menos um ano depois, acabei optando por acompanhar as gravações de externas no meu trabalho e ainda enfatizei: principalmente quando tiver gravação lá na favela.
Sob um calor dos infernos de uma quarta-feira à tarde, subi pela primeira vez o Morro Dona Marta. Ou melhor, desci. Fomos de carro até a unidade da Polícia Pacificadora pra de lá pegar o bondinho e descer até o local da nossa obra, bem ao lado da laje onde foi gravado o clip do Michael Jackson. Pegar a câmera da bolsa foi automático. Entre crianças soltando pipa, adolescentes desconfiados e meninas posando para fotos, fui andando e fotografando aquele mundo tão próximo de nós, mas que vive uma realidade incrivelmente distante. E confesso que descobri que, apesar do colorido de muitas fotos, a minha resposta negativa há mais ou menos um ano não se tratou de implicância nem de falta de vontade. Foi medo mesmo. Porque diferente da Madonna ou da Beyoncé que passaram pelas mesmas calçadas que eu passei ainda esses dias, eu não estava passeando por lá com um bando de seguranças a tiracolo. Não sei até que ponto vai a tolerância, o respeito e a paz entre as pessoas, nem mesmo o quanto é preciso pra ela (voltar a) virar uma guerra (e isso vai muito além das relações em uma favela). O livro Abusado está na cabeceira da minha cama pra me ajudar a entender um pouco melhor tudo isso, mas acho que ele não vai colaborar muito para me fazer deixar de lado o medo a cada vez que for lá.
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Mais na contramão do que decidir trabalhar na favela, só mesmo estar neste exato momento fugindo do Carnaval no Rio.
Sob um calor dos infernos de uma quarta-feira à tarde, subi pela primeira vez o Morro Dona Marta. Ou melhor, desci. Fomos de carro até a unidade da Polícia Pacificadora pra de lá pegar o bondinho e descer até o local da nossa obra, bem ao lado da laje onde foi gravado o clip do Michael Jackson. Pegar a câmera da bolsa foi automático. Entre crianças soltando pipa, adolescentes desconfiados e meninas posando para fotos, fui andando e fotografando aquele mundo tão próximo de nós, mas que vive uma realidade incrivelmente distante. E confesso que descobri que, apesar do colorido de muitas fotos, a minha resposta negativa há mais ou menos um ano não se tratou de implicância nem de falta de vontade. Foi medo mesmo. Porque diferente da Madonna ou da Beyoncé que passaram pelas mesmas calçadas que eu passei ainda esses dias, eu não estava passeando por lá com um bando de seguranças a tiracolo. Não sei até que ponto vai a tolerância, o respeito e a paz entre as pessoas, nem mesmo o quanto é preciso pra ela (voltar a) virar uma guerra (e isso vai muito além das relações em uma favela). O livro Abusado está na cabeceira da minha cama pra me ajudar a entender um pouco melhor tudo isso, mas acho que ele não vai colaborar muito para me fazer deixar de lado o medo a cada vez que for lá.
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Mais na contramão do que decidir trabalhar na favela, só mesmo estar neste exato momento fugindo do Carnaval no Rio.
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