Há alguns meses me inscrevi para um programa chamado "Remote Year". A proposta era trabalhar remotamente com um grupo de 100 pessoas de todas as nacionalidades viajando pelo mundo. A viagem começaria em Praga, seguida de Ljubljana, Dubrovnik, Istambul, Penang, Ko Tao, Hanoi, Kyoto, Buenos Aires, Mendoza, Santiago e terminava em Lima.
Meio que ignorei o fato de que eu tinha um namorado e duas cachorras. Ou talvez não tenha ignorado totalmente, já que pensei que seria opcional o número de meses que eu poderia participar - apesar do nome falar em year e não em months, e que em quatro meses, temporada que o grupo passaria na Europa, eu não perderia meu namorado - nem mesmo se ele tivesse que ficar sozinho cuidando das minhas duas cachorras. Acredito que essa inscrição venha de uma vontade maior que a minha conta bancária de conhecer o mundo e também um efeito retardado chamado "Barcelona Frustración".
O tempo passou, quase esqueci daquilo e de repente chegou um e-mail. Respondi algumas perguntas e fui para a próxima fase. Um tempinho mais e pagando uma pequena taxa, passei mais uma. Decorei instantaneamente a ordem das cidades. E eis que um californiano chamado Brandon quis marcar uma entrevista via Skype comigo. Pânico. Não sei se mais pela remota possibilidade de ir ou pelo simples fato de ter que falar em inglês com alguém.
Pois chegou o dia do Skype com o Brandon, cara que defini como super gente boa pelo simples fato de dizer que meu inglês estava ótimo e isso ser uma baita mentira. Na sequência ele me disse que queriam apenas pessoas incríveis nesta viagem e que eu era uma delas. Gente boa, não tem como negar! Ou pelo menos com um ótimo xa-lá-lá. Expliquei no meu inglês macarrônico que havia entendido que poderia ser um ano de quatro meses. Expliquei do namorado (que a estas alturas já era quase marido). Expliquei das cachorras. Fizemos um trato: eu tentaria convencer o marido a ir comigo por um ano, enquanto ele tentaria convencer o restante da organização que eu poderia ficar menos que isso. Ainda me restava a missão de convencer a Pulga, a Panqueca e a Dona Luiza, de que uma temporada em Gramado seria ótima para as três!
Uma semana depois, novo Skype, muita empolgação dos dois lados e... nada feito. Nem namorado, nem organização aceitaram as nossas propostas. E se as cuscas e a Dona Luiza tivessem entrado na votação, teria mais três nãos na minha frente. Assunto encerrado, nem uma remota possibilidade de viver remotamente.
Talvez a aceitação tenha sido fácil pois não era pra viver um dolce far niente. Teria tudo ao meu dispor, passagens, estadias, casa, comida e roupa lavada além de um lindo coworking em cada cidade, mas mediante um pagamento mensal que a distância, sinceramente, não sei de onde tiraria.
Sendo assim, segui minha vida tranquilamente.
Pelo menos até ontem, quando eles postaram as primeiras fotos na Croácia. Pena de mim quando chegarem na Tailândia.
Meio que ignorei o fato de que eu tinha um namorado e duas cachorras. Ou talvez não tenha ignorado totalmente, já que pensei que seria opcional o número de meses que eu poderia participar - apesar do nome falar em year e não em months, e que em quatro meses, temporada que o grupo passaria na Europa, eu não perderia meu namorado - nem mesmo se ele tivesse que ficar sozinho cuidando das minhas duas cachorras. Acredito que essa inscrição venha de uma vontade maior que a minha conta bancária de conhecer o mundo e também um efeito retardado chamado "Barcelona Frustración".
O tempo passou, quase esqueci daquilo e de repente chegou um e-mail. Respondi algumas perguntas e fui para a próxima fase. Um tempinho mais e pagando uma pequena taxa, passei mais uma. Decorei instantaneamente a ordem das cidades. E eis que um californiano chamado Brandon quis marcar uma entrevista via Skype comigo. Pânico. Não sei se mais pela remota possibilidade de ir ou pelo simples fato de ter que falar em inglês com alguém.
Pois chegou o dia do Skype com o Brandon, cara que defini como super gente boa pelo simples fato de dizer que meu inglês estava ótimo e isso ser uma baita mentira. Na sequência ele me disse que queriam apenas pessoas incríveis nesta viagem e que eu era uma delas. Gente boa, não tem como negar! Ou pelo menos com um ótimo xa-lá-lá. Expliquei no meu inglês macarrônico que havia entendido que poderia ser um ano de quatro meses. Expliquei do namorado (que a estas alturas já era quase marido). Expliquei das cachorras. Fizemos um trato: eu tentaria convencer o marido a ir comigo por um ano, enquanto ele tentaria convencer o restante da organização que eu poderia ficar menos que isso. Ainda me restava a missão de convencer a Pulga, a Panqueca e a Dona Luiza, de que uma temporada em Gramado seria ótima para as três!
Uma semana depois, novo Skype, muita empolgação dos dois lados e... nada feito. Nem namorado, nem organização aceitaram as nossas propostas. E se as cuscas e a Dona Luiza tivessem entrado na votação, teria mais três nãos na minha frente. Assunto encerrado, nem uma remota possibilidade de viver remotamente.
Talvez a aceitação tenha sido fácil pois não era pra viver um dolce far niente. Teria tudo ao meu dispor, passagens, estadias, casa, comida e roupa lavada além de um lindo coworking em cada cidade, mas mediante um pagamento mensal que a distância, sinceramente, não sei de onde tiraria.
Sendo assim, segui minha vida tranquilamente.
Pelo menos até ontem, quando eles postaram as primeiras fotos na Croácia. Pena de mim quando chegarem na Tailândia.
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