Quando vim morar na Felipe Neri, uma das primeiras coisas que me fez ter calafrios foram os guardadores de carro da esquina da Freire Alemão. Metidos e espalhafatosos (barraqueiros pra ser mais exata), eu agradecia não precisar estacionar na rua e ter que cair na mão deles. O tempo foi passando, eles seguiram metidos, espalhafatosos e barraqueiros, mas comecei a me dar conta que eles fazem parte da rua. Eles são mais educados do que pessoas do meu próprio prédio que cruzam comigo na garagem e dispensam um simples bom dia. Eles ajudam pessoas perdidas em frente a prédios, sabem até quando o interfone de alguém está estragado. O pessoal do prédio da esquina, ganha a chance de não ter que pegar a Silva Jardim, já que eles dão uma trancadinha no trânsito pra que eles possam ir direto pela Freire Alemão (fico imaginando a felicidade deste pessoal que não vai encarar a Mariland trancada na hora do rush). Eles conhecem as minhas cachorras e conversam com elas a cada passeio. Dia desses nos convidaram pra festa junina no novo bar da rua, dias depois ajudaram o Guilherme a carregar um saco de lenha. Mas me ganharam de vez dias atrás quando a única mulher do grupo gritou "que amor, elas vão ganhar um irmãozinho!" e veio na direção da barriga pública saber maiores detalhes... Como eu disse, eles seguem metidos, espalhafatosos e barraqueiros, mas hoje em dia em vez de ameaçada eu me sinto até mesmo protegida!
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