21:50, último e-mail do dia enviado.
Parei pra pensar na loucura das últimas semanas. Depois de pensar em largar tudo e começar uma nova vida profissional, depois de fazer mil contatos (e ter meia dúzia de retornos), depois de desistir de largar tudo mas também desistir de trabalhar por um tempo e acabar cuidando (e curtindo) o meu filho por dez meses quase que exclusivamente, voltei a ativa numa loucura desenfreada. Prazos (ou a falta deles), verbas (ou a falta delas), entregas, correrias, montagens, voltaram a fazer parte do meu vocabulário que até então este ano estava muito mais focado em fraldas, tetas e papinhas. Só que as fraldas, as tetas e as papinhas não saíram do vocabulário e eu estou apenas aprendendo como multiplicar meu tempo e fazer tudo (e todos) caber(em) dentro dele. Aprendendo a não esquecer de responder aquele e-mail, mas também não esquecer de guardar a comida na geladeira; a chegar a tempo na reunião, mas não deixar de ter tempo pra feira; dar retorno a todos os clientes, mas dar muito mais retorno a todos na minha casa; cuidar de todos os detalhes daquele projeto, sem esquecer de cuidar de mim. Por mais que meu filho já tenho ido a montagem e participado de reuniões, eu e ele estamos finalmente aprendendo que não somos um só e tentando lidar com isso. A pouco ouvi o choro dele no quarto. Vinte minutos abraçados e passou. Matamos durante a noite (ou madrugada) a saudade daquilo que a pouco tínhamos o dia todo. Que o trabalho e a loucura que ele envolve compensem ao menos um pouco cada minuto que eu passo longe daquele parzinho de olhos azuis que me persegue pela casa ou pelos meus pensamentos.
22:24, chegou mais um e-mail. Vou ali ficar olhando ele dormir e fazer de conta que não vi.
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