São vários os costumes que vão ficar depois dessa quarentena. Alguns, inclusive, que já deveriam ser comuns antes dela. Limpar embalagens, higienizar as patas das cachorras na volta do passeio, lavar as mãos com mais frequência, dar prioridade pros pequenos comércios e restaurantes do bairro, consumir menos, doar mais, estimular uma rotina agradável pros filhos, focar nas relações verdadeiras e saudáveis. Mas de tudo, o que não quero que nunca mais mude é a cozinha de gente grande que nasceu aqui em casa. Aquela que tem um bolo delícia pro lanche, até porque sempre tem farinha, açúcar, ovos e fermento a disposição, salada fresquinha e lavada na geladeira, comida pra semana toda pensada, janta pros filhos, temperos de todos os tipos, petiscos na despensa, chocolate na latinha, café em pó, em cápsula, a granel e claro, uma boa bebida pro fim do dia. Talvez a casa de vocês já fosse assim, a minha não era. Comer na rua quase todo dia e ter filhos em turno quase integral na escola dá nisso. Não a toa me transformei naquilo que meu marido chama de "cozinheira de celular". E não é por viver procurando receitas, é por ser a rainha do Ifood mesmo. Pois resgatei meu gosto por cozinhar. Tô levemente destreinada. Já fiz molho branco ralo, já deixei bolo transbordar da fôrma, já queimei batata chips no forno. Mas também já fiz muito feijão, molho de tomate, panquecas e suflês maravilhosos. Ontem me superei. Fiz uma sobremesa pra ter na geladeira pros próximos almoços! E o resumo da quarentena é esse: me tornei a pessoa que tem prazer em fazer um pavê!
(meu marido deve ter controlado a vontade hereditária de largar a piadinha infame do "é pavê ou pacomê", mas né, conhece a mulher que tem!)
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