Há meses vinha sendo enfeitiçada por alguns comentários.
“Minha mãe ganhou mil ontem no bingo”.
“Semana passada minha irmã saiu com 400 de lá”.
“Ganhei 200 na minha última ida”.
A vida não tá fácil, o mês segue comprido e o dinheiro curto, então não custava conferir. Quer dizer, custar custava, mas vai que eu ganho? Pois ficou definido que o investimento seria de trinta reais. E nenhum centavo a mais. Doce ilusão.
Aquelas maquininhas engolem notas de dez reais com a mesma facilidade que somem com teus créditos. Te fazem acreditar que a próxima bola extra vai ser exatamente o número que está faltando pra tu arrancar a grana dela. E o pior: tu acredita!
No começo a gente vai jogando na empolgação, achando tudo muito divertido. Quando se dá conta que já foram cinqüenta e não os trinta reais combinados, o jogo vira de vida ou morte, a vontade de quebrar a máquina ao meio é praticamente incontrolável e sair de lá pelo menos empatada é uma questão de honra. Pois saí. Empatada, enfumaçada e bêbada, porque regaram as minhas derrotas a champanhe. E a propósito, o nome do post deveria ser “bingo!”, mas aquelas máquinas malditas se recusaram a me dar unzinho sequer.
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