sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

48 horas

Fiz um pedido de Natal inusitado nesse ano que passou. Preciso de um celular novo, de panelas novas, quero muito uma composteira. Mas pedi 48hs pro meu marido. 48hs sem filhos, sem marido, sem cuscas, sem louça, sem  arrumar cama, sem trocar fralda, sem limpar xixi na sacada, sem brincar, sem desenhar, sem cozinhar, sem insistir pra comer, sem dar banho, sem fazer dormir, sem lavar, sem estender, sem guardar, sem juntar, sem arrumar, sem levar pra passear, sem juntar cocô, sem juntar brinquedos. Sem Bita, sem Patrulha, sem Popó, sem Mickey, sem Blaze, sem Globo News. Sem pedir pra colocar fora a caixa de leite que ficou em cima da pia, sem recolher copos, nem roupas. Ganhei de brinde 48hs sem internet, porque não pega  por lá. 48hs sem essa produção louca e desenfreada de adrenalina, endorfina e ocitocina que é ter uma família linda e completa. Vão ser também minhas primeiras 48hs sem ouvir nenhuma vez a palavra mamãe, aquela que ouvi pela primeira vez há uns 3 anos e meio e que desde então é a palavra que ouço inúmeras repetidas e incontáveis vezes diariamente. E é tão maravilhoso e eu quis tanto que... vai ser bom sentir falta de ouvir! 48hs minhas. Me belisca.

Observação pós retiro: Se eu senti saudade? Senti. Tanta quanto eu estava de ser só Kelen por um tempinho que fosse. A maternidade nos transforma totalmente, mas acho que seremos mães muito melhores se conseguirmos cultivar a essência do que éramos antes disso.

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