"Já falei aqui sobre primeira vez? Há pouco mais de meio ano, comecei mais uma vez a correr. Mais uma vez porque - como muito do que já comecei até hoje, e a lista não é pequena - comecei e parei de correr mais de vinte vezes. Mas desta vez estipulei uma meta: correr minha primeira corrida de rua. E por seis meses, dia sim dia também, com raras exceções, corri. De manhã ou de noite, abaixo de sol ou de chuva, no frio ou no calor.
Domingo, friozinho considerável na beira do Guaíba, pernas de fora e congelando desde as seis e meia da manhã, tive noção do que é participar de uma corrida dessas. E é bom demais. Daquelas coisas boas que chegam a dar frio na barriga. Lembrei que ainda esses dias comentei como eu estava ansiosa ao que me responderam: "mas é só uma corrida!". Como explicar o que significava aquela corrida pra mim? Explicar o que eu passei no último meio ano e o quanto essa coisa de correr me ajudou a superar, esquecer e levantar? Era muito mais do que a corrida. Ela fechava um ciclo, preenchia uma lacuna, correspondia a uma etapa percorrida. Tanta coisa cruzou junto comigo aquela linha de chegada, que só isso explica de onde tirei forças pra correr tão rápido aqueles últimos 100 metros."
Esse texto foi escrito por mim em maio de 2008, depois de uma separação e de correr a minha primeira prova. 15 anos depois, lá se foram mais de 30 corridas, algumas lesões, muitas paradas. As questões que pairam na cabeça são outras, mas a corrida segue sendo a maior terapia, o melhor ansiolítico. O frio na barriga ainda vem, e correr os últimos 100 metros vai ser sempre uma das melhores sensações de se sentir.
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