Eu não sei se todo mundo passa por isso, mas eu às vezes transformo coisas simples do cotidiano, que renderiam no máximo uma postagem bonitinha no Instagram, em uma verdadeira jornada de auto conhecimento da minha vida.
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Decidi fazer uma trilha até um balanço que tinha lá no parque onde passamos o final de semana. Longe, caminho pedregulhoso, íngreme, um mini desafio. Sem Internet, logo, sem música, os únicos sons que ouvia era dos bichos, do vento e dos meus pensamentos, o que já dava uma barulheira e tanto. Aquele balanço que parecia não chegar nunca, era um objetivo mas também uma fuga. Consegui ver simbologia em todo trajeto. Nas pedras, nos tropeços, no tombo, no atalho que me levou a um riacho intransponível, até mesmo na libélula que passou sorrateiramente voando ao meu lado e me lembrou do significado de transformação e capacidade de adaptação que ela carrega. Cheguei lá em cima ofegante e li: respire. Obedeci. Pensava eu que o balanço seria apenas divertido, mas ele também se mostrou um tanto assustador e inseguro. Ainda assim, não conseguia mais sair de lá. Não fossem pessoas me esperando e horários a respeitar, talvez tivesse ficado por lá a manhã toda, me embalando e ouvindo. Mesmo contra vontade parei, desci. Ao lado, vi uma daquelas pilhas de pedras equilibradas onde somei mais uma, nada mais simbólico do que conseguir esse equilíbrio. Voltei menos barulhenta, eu acho. Lembrei de quando aprendi que grande parte do barulho que a gente faz, muitas vezes somente nós mesmos estamos ouvindo. Depois da caminhada de volta, já lá embaixo, olhei pra trás e pensei: olha onde eu cheguei! E segui.
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Talvez seja tudo uma grande maluquice. Talvez eu vire coach. Ou talvez eu apenas siga postando no Instagram porque achei bonitinho e guarde em mim o tanto de história que vejo por trás das coisas que eu vejo e vivo por aí.
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